O armamento utilizado durante o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes voltou a ser discutido durante o julgamento de Ronnie Lessa , 54, e Élcio de Queiroz , 51, nesta quarta-feira (30) e quinta-feira (31).
Segundo os relatos, a arma utilizada foi uma submetralhadora HK MP5 , de fabricação alemã. No primeiro dia do júri novos detalhes foram revelados sobre o armamento e as investigações iniciais.
Segundo as investigações, Lessa utilizou uma submetralhadora para disparar 13 tiros contra o carro em que Marielle e Anderson estavam no dia 14 de março de 2018. A arma é produzida pela empresa alemã Heckler & Koch e tem uso restrito no Brasil, sendo frequentemente destinada a forças especiais das polícias Civil, Militar e Federal.
Testemunha confirma modelo do armamento
Durante o julgamento, foi exibido um vídeo da perita Carolina Rodrigues Linhares, que, embora não estivesse presente no tribunal, participou de oitivas nas fases iniciais do processo. Em sua declaração, Linhares explicou o procedimento para identificar a arma usada no crime.
“A partir da análise das avarias no veículo de Marielle, nos corpos das vítimas e nos estojos das munições, foram testados cinco tipos de armas de fogo”, disse a perita.
No vídeo, ela explicou que os investigadores realizaram simulações de disparos em veículos para reproduzir o cenário do crime, e o modelo que mais se aproximou das evidências foi a MP5 de calibre 9mm.
Armas como a HK MP5 são raras no estado do Rio de Janeiro , sendo comumente utilizadas por forças policiais em operações de combate de curta distância. O modelo foi desenvolvido na Alemanha na década de 1960 e, no Brasil, também é utilizado por colecionadores autorizados.
Fernando Humberto Henrique Fernandes, fundador da Confederação de Tiro e Caça do Brasil, em um vídeo exibido no julgamento nesta quinta-feira, garante que “A MP5 é a melhor submetralhadora existente do mundo, que foi lançada pelos alemães”.
“A arma não mexe, não precisa fazer uma lambança dessa aqui. Vocês vão dar alguns tiros e ver que ela é suave [...] Não precisava ter tantos tiros dessa forma”, disse Fernandes no depoimento.
Descarte das armas
De acordo com o Ministério Público, as armas utilizadas nos homicídios teriam sido descartadas no mar, na Barra da Tijuca, bairro onde Lessa residia. Essa região é conhecida como reduto de atividades de grupos milicianos, aos quais Lessa estaria vinculado, segundo as investigações.
Durante as investigações, a polícia encontrou oito cápsulas de calibre 9mm no local do crime. Esse tipo de munição, comum em submetralhadoras, havia sido roubado de um lote produzido no Brasil destinado à Polícia Federal, conforme apurado pela polícia ainda em 2018. Inicialmente, as autoridades consideraram a possibilidade de os tiros terem sido disparados por uma pistola. No entanto, essa hipótese foi descartada, pois o calibre 9mm, quando disparado por uma submetralhadora, possui um maior poder destrutivo, alinhando-se ao cenário do crime .
As novas informações sobre o armamento e as evidências levantadas reforçam a gravidade do caso e trazem mais clareza sobre os métodos empregados no duplo homicídio. O julgamento prossegue, com a expectativa de que outras testemunhas e provas ajudem a compor a narrativa completa do crime que chocou o país.