Carla Zambelli: Justiça de SP nega habeas corpus de homem condenado por difamar deputada

Jornalista Luan Araújo ganhou notoriedade em outubro de 2022, após ser perseguido pela deputada, que empunhava uma arma de fogo

Carla Zambelli (PL-SP) ainda responde a um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por porte ilegal de arma
Foto: Reprodução/ Redes Sociais
Carla Zambelli (PL-SP) ainda responde a um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por porte ilegal de arma

A Justiça de São Paulo   ( TJ-SP ) rejeitou o pedido de habeas corpus feito pelo jornalista Luan Araújo , nesta quinta-feira (17). Ele foi condenado em junho sob a acusação de difamar a deputada federal Carla Zambelli ( PL-SP ).

Luan Araújo ganhou notoriedade em outubro de 2022, na véspera do segundo turno da eleição presidencial, quando foi perseguido por Zambelli , que empunhava uma arma de fogo, após uma discussão na região dos Jardins, em São Paulo

Posteriormente, a deputada foi acusada no Supremo Tribunal Federal (STF) por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. Zambelli alega ter sido empurrada, mas o caso ainda não foi julgado.

A deputada também moveu uma ação contra Araújo na Justiça paulista por um artigo escrito por ele após o incidente. No texto, o jornalista afirmou que Zambelli "segue uma seita de doentes de extrema-direita" e que "segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades". 

Araújo também acusou Zambelli de explorar a mídia em torno do episódio para "fazer o picadeiro clássico de uma extrema-direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte".

Em sua defesa, Araújo argumentou que, como jornalista, apenas emitiu uma opinião profissional. No pedido de habeas corpus, sua defesa solicitou o "trancamento da ação penal ante a evidente falta de justa causa" e pediu que "a ação seja julgada improcedente, com a consequente absolvição do paciente".

No entanto, em decisão de 17 de outubro, os desembargadores reafirmaram que o habeas corpus serve como um "remédio constitucional voltado à reparação do constrangimento ilegal evidente". Eles também ressaltaram que o habeas corpus não é o instrumento adequado para questionar o mérito de uma condenação, devendo outros recursos serem usados para tal.

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O jornalista recorreu da decisão inicial, mas o juiz Fabrício Reali Zia rejeitou a apelação. Em 5 de junho, o magistrado afirmou que Araújo cometeu "excessos e abusos" em sua coluna contra Zambelli. Na visão do juiz, “a liberdade de expressão, como é cediço, não pode ser entendida como possibilidade de se proferir discurso de ódio, que se configura como violência comunicacional, violência que atinge atributo do próprio ser humano que é sua honra e sua dignidade”.

Reali Zia destacou ainda que o “hate speech” (discurso de ódio na internet) é aquele que expressa "ideia de ódio, desprezo ou intolerância" contra grupos ou indivíduos, e que, no caso em questão, foi motivado por preconceitos ligados a "grupos políticos adversários". Ele argumentou que a liberdade de imprensa e de expressão não são absolutas, encontrando limites quando violam a honra de terceiros.

 “Os dizeres de que esta ‘segue com uma seita de doentes’ e de que ‘segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades’ excederam os limites do razoável", afirmou o juiz.

Apesar da condenação por difamação, Araújo foi absolvido do crime de injúria e o pedido de indenização por danos morais feito por Zambelli foi negado. O advogado de Araújo, Renan Bohus, afirmou ao g1 que recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) com um novo pedido de habeas corpus.

Ação no STF


Carla Zambelli ainda responde a um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo contra o jornalista, no episódio de 2022. Como parlamentar com foro privilegiado, Zambelli só pode ser julgada pelo STF.

A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou que o STF aplique uma multa de R$ 100 mil à deputada por danos morais coletivos, além de pedir o perdimento da arma utilizada no crime e o cancelamento definitivo do porte de arma de Zambelli.

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