O ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida está sendo acusado de assediar a professora universitária Isabel Rodrigues, candidata a vereadora em Santo André pelo PSB. O caso ganhou atenção após o ex-membro do governo ser envolvido em um escândalo sexual e acusado de assediar a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Caso ocorreu em 2019
De acordo com Isabel Rodrigues, o episódio com Silvio Almeida aconteceu no dia 3 de agosto de 2019, durante um almoço com a presença de outras 15 pessoas, no centro de São Paulo, após um curso.
"Foi muito estranho porque estávamos com muitas pessoas e eu estava de saia. Lembro da mão dele nas minhas partes íntimas, pressionando. Fiquei com muita vergonha", disse a professora de 45 anos ao UOL.
Isabel e Silvio Almeida eram amigos desde 2015, quando se conheceram durante o trabalho na Escola de Governo de São Paulo. O ex-ministro passou a fazer parte do conselho pedagógico da instituição em 2016.
Três meses após o suposto assédio, Isabel procurou Silvio Almeida para expor o constrangimento e "compreender se ele sabia a gravidade do que tinha ocorrido".
"Foi depois de alguns meses que eu me dei conta da necessidade de falar. Fui procurá-lo porque isso tinha reverberado de uma forma muito ruim na minha vida", desabafou.
De acordo com a professora universitária, o ex-ministro rejeitou a acusação no primeiro momento. "Ele disse que eu estava ficando maluca, que isso nunca tinha acontecido", relembrou.
Ao ser questionado sobre o consentimento que ela não deu, Silvio Almeida reconsiderou a situação e disse que buscaria terapia. "Ele disse que estava muito mal, porque tinha feito isso com uma amiga pela qual tinha muito apreço", apontou. "Ele viu que não tinha como negar."
Medo de denunciar
Isabel Rodrigues conta que, mesmo abalada com o caso, optou por não denunciar devido ao medo de ser revitimizada pelas autoridades. "Fiquei imaginando como seria ser tratada numa delegacia e sofrer mais violência."
Além disso, o fato de Silvio Almeida ser um advogado reconhecido gerou receio. "Minha vontade era denunciar, mas fui desencorajada por ele ser advogado - e, depois, ministro. Tentei tratar isso sem fazer a denúncia", confessou.
Após o escândalo de denúncias contra o ministro repercutir, Isabel Rodrigues publicou um manifesto nas redes sociais. "O que me fez fazer a declaração pública agora foi ter ouvido dele que as mulheres que estão denunciando hoje são mentirosas e que fazem parte de um grupo [com objetivo de prejudicá-lo]."
"A sensação agora [com as denúncias vindo à tona] é de justiça. Tenho necessidade de dar as mãos a essas mulheres para que elas não tenham o corpo invadido", completou.