O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, se colocou à disposição para "solucionar" as investigações de rachadinha do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em troca de uma indicação para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF).
O áudio, que teve seu sigilo derrubado nesta segunda-feira (15) pelo ministro Alexandre de Moraes, foi gravado pelo ex-diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, em 2019.
"O ano passado [2019], no meio do ano, encontrei com o [Wilson] Witzel, não tive notícia [inaudível] bem pequenininho o problema. Ele falou, resolve o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo", disse Bolsonaro.
O caso é referente às rachadinhas, tema principal da reunião que contava com a presença das advogadas de Flávio, Juliana Bierrenbach e Luciana Pires, Ramagem e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. Bierrenbach perguntou quem havia dito aquela frase, e Bolsonaro reafirmou: "O Witzel".
Luciana Pires então completou que "ele tinha a Polícia Civil na mão". Bolsonaro classificou a posição do ex-governador como "sede de poder".
Wilson Witzel se defendeu pelas redes sociais, negando qualquer oferecimento de "auxílio". Os áudios fazem parte do inquérito que investiga o uso da Abin para realizar espionagem ilegal de adversários políticos do ex-presidente.
A quarta fase da operação Última Milha aponta que a gravação contém Ramagem afirmando a necessidade de ações para anular a investigação que tinha Flávio Bolsonaro como alvo. No diálogo, discutiram maneiras de prejudicar os investigadores e afastar os auditores da Receita Federal.
Flávio Bolsonaro foi acusado de realizar movimentações bancárias suspeitas após um relatório produzido pelo Coaf.
Flávio Bolsonaro se defendeu
O senador se manifestou, dizendo que o "áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família" e que "a partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis.
O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não 'tem jeitinho' e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei".
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