Governo precisou anular leilão por suspeita de fraude
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Governo precisou anular leilão por suspeita de fraude

A ASR Locação de Veículos e Máquinas, conhecida por sua ampla gama de atividades econômicas, como fazer aluguel de carros, tornou-se o centro de um debate sobre a adequação e transparência nos processos de leilão de produtos agrícolas. A licitação de arroz importado feito pelo governo federal foi suspenso após suspeita de fraude.

"Tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa", chegou a afirmar nesta sexta-feira (21) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista. Ele esclareceu que o leilão tem como objetivo segurar o preço do produto após as inundações no Rio Grande do Sul.

Fundada em 2019 e classificada como "empresa de prateleira" devido à diversidade de suas atribuições, como buffet, locação de carro, entre outras 20 atividades, a ASR ampliou suas operações em 2023 para incluir o comércio atacadista, importação e exportação de cereais e leguminosas.

No início de 2023, a empresa surpreendeu o mercado ao vencer um leilão para a venda de 212 mil sacas de milho ao governo da Bahia, um contrato de R$ 19,8 milhões.

A licitação foi realizada a pedido da Companhia de Desenvolvimento Regional da Bahia (CAR). Embora a ASR não tivesse experiência prévia no comércio de cereais, ela foi a única participante do leilão e já completou a entrega e distribuição do milho.

A representatividade da ASR em leilões é conduzida pela Bolsa de Mercadoria de Mato Grosso e pela Corretora Focus, ambas de propriedade de Robson Luiz Almeida de França.

O empresário, por sua vez, possui ligações com o ex-deputado Neri Geller (PP-MT), que já o teve como assessor.

No entanto, nem todos os leilões organizados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) tiveram desfechos tão tranquilos.

O recente exemplo é o leilão de arroz suspenso devido a suspeitas de fraude, após a imprensa revelar que empresas sem experiência no setor arremataram os lotes. O governo federal pretende realizar uma nova rodada deste leilão em breve.

A crise climática no Rio Grande do Sul, que afetou a produção de arroz, levou à necessidade desses leilões, que são realizados através do sistema "Leilão pra Você" da Conab.

Quem são os envolvidos?

Entre os envolvidos nos processos de leilão, destacam-se várias figuras políticas e administrativas, segundo o Portal UOL. João Edegar Pretto (PT-RS), presidente da Conab e filiado, assinou os editais dos leilões de milho e arroz. Silvio Porto, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, é próximo do ministro Rui Costa (Casa Civil) e foi questionado sobre caso, mas não se manifestou.

Thiago José dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab indicado por Neri Geller, foi colocado em licença remunerada após o escândalo do arroz.

O ex-deputado Neri Geller, que teve Robson França como assessor e negócios com um de seus filhos, também está no centro das atenções. Geller foi exonerado da Secretaria de Política Agrícola após as descobertas.

Mercados de algumas regiões do Brasil começaram no início de maio a impor limites à compra de arroz pelos clientes com receio de esgotar o estoque e não atender a todos. Executivos afirmaram que isso estava acontecendo com estabelecimentos menores que não dispunham de larga escala de abastecimento.  Reprodução: Flipar
Mercados de algumas regiões do Brasil começaram no início de maio a impor limites à compra de arroz pelos clientes com receio de esgotar o estoque e não atender a todos. Executivos afirmaram que isso estava acontecendo com estabelecimentos menores que não dispunham de larga escala de abastecimento. Reprodução: Flipar
A preocupação sobre o arroz se deve à perda de lavouras inteiras com as enchentes no Rio Grande do Sul, o maior produtor do país. 
 Inclusive, o que muitos temiam começou a acontecer, com o anúncio de que o Brasil  importaria arroz por causa da baixa em nosso mercado interno.  Reprodução: Flipar
A preocupação sobre o arroz se deve à perda de lavouras inteiras com as enchentes no Rio Grande do Sul, o maior produtor do país. Inclusive, o que muitos temiam começou a acontecer, com o anúncio de que o Brasil importaria arroz por causa da baixa em nosso mercado interno. Reprodução: Flipar
A indústria brasileira anunciou a compra de arroz da Tailândia, um dos maiores produtores do grão no mundo e o segundo maior exportador (depois da Índia).  Reprodução: Flipar
A indústria brasileira anunciou a compra de arroz da Tailândia, um dos maiores produtores do grão no mundo e o segundo maior exportador (depois da Índia). Reprodução: Flipar
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz anunciou que estava negociando o envio de dois ou três navios transportando 75 mil toneladas do produto tailandês para o Brasil.  Reprodução: Flipar
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz anunciou que estava negociando o envio de dois ou três navios transportando 75 mil toneladas do produto tailandês para o Brasil. Reprodução: Flipar
O sinal de alerta já vinha sendo dado nos últimos meses.  Em 12 meses, até março de 2024, o preço do arroz subiu 28,39%, de acordo com o índice IBGE/IPCA. E o consumidor sentiu o peso no bolso.  Reprodução: Flipar
O sinal de alerta já vinha sendo dado nos últimos meses. Em 12 meses, até março de 2024, o preço do arroz subiu 28,39%, de acordo com o índice IBGE/IPCA. E o consumidor sentiu o peso no bolso. Reprodução: Flipar
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo de meses e afetaram as lavouras tiveram impacto na elevação dos preços. Mas não foram o único motivo.  Reprodução: Flipar
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo de meses e afetaram as lavouras tiveram impacto na elevação dos preços. Mas não foram o único motivo. Reprodução: Flipar
Um dos principais motivos para o alto custo do cereal é a redução das áreas de plantio. Muitos produtores no Rio Grande do Sul estão freando o cultivo de arroz para dar lugar ao milho ou soja. Reprodução: Flipar
Um dos principais motivos para o alto custo do cereal é a redução das áreas de plantio. Muitos produtores no Rio Grande do Sul estão freando o cultivo de arroz para dar lugar ao milho ou soja. Reprodução: Flipar
Eles argumentam que o milho e a soja alcançam preços mais altos na safra e favorecem os produtores que precisam arcam com altos custos na agricultura. Assim, os produtores acabam migrando para esses cereais, deixando o arroz em segundo plano. Reprodução: Flipar
Eles argumentam que o milho e a soja alcançam preços mais altos na safra e favorecem os produtores que precisam arcam com altos custos na agricultura. Assim, os produtores acabam migrando para esses cereais, deixando o arroz em segundo plano. Reprodução: Flipar
Além do sul do Brasil, essa redução de áreas destinadas ao cultivo do arroz também tem acontecido no Centro-Oeste, onde há vastas plantações em Mato Grosso do Sul.  Reprodução: Flipar
Além do sul do Brasil, essa redução de áreas destinadas ao cultivo do arroz também tem acontecido no Centro-Oeste, onde há vastas plantações em Mato Grosso do Sul. Reprodução: Flipar
De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a área ocupada por plantações de arroz chegava a 3,9 milhões de hectares em 2004.  Reprodução: Flipar
De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a área ocupada por plantações de arroz chegava a 3,9 milhões de hectares em 2004. Reprodução: Flipar
Em 2010, eram menos de 3 milhões. Em 2018, estava na faixa de 2 milhões. E em 2024, 1,5 milhão de hectares. E o resultado é uma baixa na colheita.  Reprodução: Flipar
Em 2010, eram menos de 3 milhões. Em 2018, estava na faixa de 2 milhões. E em 2024, 1,5 milhão de hectares. E o resultado é uma baixa na colheita. Reprodução: Flipar
O arroz é uma das três culturas mais produzidas no Brasil, atrás justamente da soja e do milho.  Reprodução: Flipar
O arroz é uma das três culturas mais produzidas no Brasil, atrás justamente da soja e do milho. Reprodução: Flipar
Nessa temporada, a expectativa é de produção de 11 milhões de toneladas, que é o limite para atender aos brasileiros. Reprodução: Flipar
Nessa temporada, a expectativa é de produção de 11 milhões de toneladas, que é o limite para atender aos brasileiros. Reprodução: Flipar
Ou seja, como o arroz é um alimento extremamente popular, presente na maioria das casas de brasileiros, a queda na produção compromete a oferta na dimensão necessária. Reprodução: Flipar
Ou seja, como o arroz é um alimento extremamente popular, presente na maioria das casas de brasileiros, a queda na produção compromete a oferta na dimensão necessária. Reprodução: Flipar
Em Mato Grosso do Sul,  para incentivar os agricultores a manter o arroz , a Agência de Desenvolvimento Agrário do estado oferece auxílio técnico gratuito. Reprodução: Flipar
Em Mato Grosso do Sul, para incentivar os agricultores a manter o arroz , a Agência de Desenvolvimento Agrário do estado oferece auxílio técnico gratuito. Reprodução: Flipar
Há escritórios fixos em 79 municípios do estado para que o produtor comece ou dê continuidade à produção de arroz, recebendo treinamento sem qualquer custo. Reprodução: Flipar
Há escritórios fixos em 79 municípios do estado para que o produtor comece ou dê continuidade à produção de arroz, recebendo treinamento sem qualquer custo. Reprodução: Flipar
Economistas já haviam demonstrado preocupação de que o Brasil precisasse importar arroz para dar conta da demanda nos mercados. E isso encareceria ainda mais o produto. Reprodução: Flipar
Economistas já haviam demonstrado preocupação de que o Brasil precisasse importar arroz para dar conta da demanda nos mercados. E isso encareceria ainda mais o produto. Reprodução: Flipar
Com a imortação, o Brasil fica a mercê de países que cultivam o arroz em larga escala. No mundo, os maiores produtores estão na Ásia, continente onde o consumo do grão faz parte da cultura gastronômica há milênios.  Reprodução: Flipar
Com a imortação, o Brasil fica a mercê de países que cultivam o arroz em larga escala. No mundo, os maiores produtores estão na Ásia, continente onde o consumo do grão faz parte da cultura gastronômica há milênios. Reprodução: Flipar
A China é o maior produtor mundial de arroz com cerca de 150 milhões de toneladas/ano. Reprodução: Flipar
A China é o maior produtor mundial de arroz com cerca de 150 milhões de toneladas/ano. Reprodução: Flipar
A Índia vem em segundo lugar na escala de produção e já se tornou o maior exportador de arroz do mundo. Em 2023, vendeu 22 milhões de toneladas para outros países, o que representa 40% do total mundial. Reprodução: Flipar
A Índia vem em segundo lugar na escala de produção e já se tornou o maior exportador de arroz do mundo. Em 2023, vendeu 22 milhões de toneladas para outros países, o que representa 40% do total mundial. Reprodução: Flipar
No Japão, o arroz é cultivado há pelo menos 7 mil anos e o grão faz parte, inclusive, de crenças regionais, como, por exemplo, a de dar alguns grãos de arroz (já mastigados) ao recém-nascido, num ritual de celebração pela chegada de uma nova vida.  Reprodução: Flipar
No Japão, o arroz é cultivado há pelo menos 7 mil anos e o grão faz parte, inclusive, de crenças regionais, como, por exemplo, a de dar alguns grãos de arroz (já mastigados) ao recém-nascido, num ritual de celebração pela chegada de uma nova vida. Reprodução: Flipar
No Vietnã, o cereal está tão integrado à espiritualidade dos camponeses que muitos enterros são feitos em arrozais, com uma celebração especial que inclui cantos e danças.  Reprodução: Flipar
No Vietnã, o cereal está tão integrado à espiritualidade dos camponeses que muitos enterros são feitos em arrozais, com uma celebração especial que inclui cantos e danças. Reprodução: Flipar
Historiadores relatam que o arroz também já era plantado e consumido regularmente na África Ocidental  3 mil anos antes de Cristo.  Reprodução: Flipar
Historiadores relatam que o arroz também já era plantado e consumido regularmente na África Ocidental 3 mil anos antes de Cristo. Reprodução: Flipar

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