A bancada evangélica deve adiar votação da PL do aborto após a repercussão negativa sobre o tema. Segundo o autor do texto, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a análise no plenário pode acontecer no fim do ano, após as eleições municipais.
Ainda, a proposta também perdeu o apoio do centrão nos últimos dias. Segundo as lideranças dessa vertente, a aprovação de urgência na votação era um acordo da Casa com a bancada evangélica.
O centrão afirmou à coluna de Mônica Bergamo que o objetivo era "criar um fato", mas que isso não faz com que os deputados de outras bancadas fossem votar para aprovar o projeto. Por isso, o texto não deverá ser analisado pelo plenário.
A base do governo, que ficou em silêncio durante a aprovação da urgência na Câmara dos Deputados na semana passada, diz que vai trabalhar para barrar o avanço da iniciativa no Congresso.
Segundo Sóstenes, apesar da urgência aprovada para votação, não há necessidade imediata de pautar a proposta. O deputado explica que o projeto foi uma promessa feita por Lira aos evangélicos durante sua campanha para reeleição como presidente da Casa em 2023, e que ele tem até o final do ano, quando termina seu mandato, para cumpri-la.
"Não estou com pressa nenhuma. Votei a urgência e agora temos o ano todo para votar isso. O Lira tem compromisso conosco e ele pode cumprir até o último dia do mandato dele", afirmou o parlamentar ao jornal O Globo.
De acordo com a jornalista Daniela Lima, da Globonews, porém, o PP (partido de Lira) não tem qualquer compromisso com o projeto. "O acordo, o gesto para a bancada evangélica, era apenas o de votar a urgência. Apenas isso. Não há qualquer acordo sobre o mérito (conteúdo) da proposta", disse à jornalista o senador Ciro Nogueira (PP-PI), uma das principais vozes do PP.
O autor do PL do aborto minimiza os protestos contra seu texto e lamenta que o governo tenha decidido intervir para bloqueá-lo depois de inicialmente se abster. Ele afirma que sua estratégia para fazer o texto progredir será de "esperar e ver".
"O governo está dando corda para as feministas nesse assunto, elas estão desesperadas. Eu estou muito calmo, deixa elas sapatearem. Eu já ganhei, votamos a urgência, sem nominal, ninguém chiou, tudo caladinho, tudo dominado, dominamos 513 parlamentares. Eu sei jogar parado, eu jogo parado", disse Sóstenes.
PL do aborto
A proposta do parlamentar sugere alterações no Código Penal, estabelecendo que o aborto realizado em fetos com mais de 22 semanas seja considerado homicídio simples, com uma pena de 6 a 20 anos para o caso da interrupção provocada.
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