O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) defendeu os ataques do bilionário Elon Musk ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e disse, sem provas, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) favoreceu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. As declarações foram feitas em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Durante a entrevista, Flávio disse acreditar que Musk "não cometeu crime nenhum" ao atacar Moraes e ameaçar desobedecer a Justiça brasileira, trazendo de volta perfis excluídos do X, antigo Twitter, por determinação judicial. Após as falas de Musk, Moraes abriu inquérito para investigar o empresário por obstrução à Justiça e incitação ao crime.
"Um cidadão americano, uma empresa privada, do meu ponto de vista, não cometeu crime nenhum, apenas falou, se posicionou, fez uma pergunta ao ministro que usa a rede social dele. O Elon Musk não tem foro por prerrogativa de função, está tudo errado. O ministro toma mais uma vez uma decisão monocrática, antes que qualquer ato fosse cometido, já incluindo Musk no inquérito", disse Flávio.
Apesar das críticas a Moraes, o senador disse não acreditar que o ministro deva sofrer impeachment, como pediu Musk. "Não acho que pedir impeachment de ministro do STF seja o mais adequado. Defendo autorregulação do Supremo. E essa é uma ótima oportunidade", declarou.
Durante a entrevista, Flávio ainda negou que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenha responsabilidade sobre os ataques sofridos por ministros do Supremo. "Não é culpa do Bolsonaro o ódio sofrido pelos ministros. [...] Você não pode atribuir isso ao bolsonarismo", disse.
Bolsonaro e seus aliados são responsáveis por diversos ataques aos ministros do STF, sobretudo a Moraes. Em 2021, o então presidente chegou a chamar Moraes de "canalha" e ameaçou não cumprir suas decisões judiciais.
Ataques a Lula e ao TSE
Durante a entrevista, Flávio disse que seu pai é honesto e está sendo bem recebido em todo o Brasil e, então, foi questionado sobre o porquê de ele ter perdido as eleições em 2022 já que, na visão do senador, seu governo foi tão bom. Como resposta, Flávio atacou o TSE, insinuando, sem provas, fraude eleitoral que teria favorecido Lula.
"O que o TSE fez antes, durante e depois das eleições, ficou muito claro para todo mundo que ele pesou muito mais a favor de um lado do que do outro", declarou Flávio.
Apesar de dizer que não entraria no tema das urnas eletrônicas, o senador questionou o sistema eleitoral diversas vezes durante a entrevista, dizendo que "os brasileiros têm dúvidas" sobre a lisura do processo.
Tentativa de golpe
Durante a entrevista, Flávio ainda disse que a suposta tentativa de golpe de Estado por Bolsonaro, investigada pela Polícia Federal, seria um "crime impossível".
Ele ainda comparou a existência da minuta de decreto golpista ao planejamento de um assassinato, no qual alguém chega a planejar o crime, mas muda de ideia. A mera tentativa de golpe, porém, já é um crime tipificado, o que fez com que Flávio fosse questionado pelos entrevistadores.
Quando o assunto foi os atos golpistas de 8 de janeiro, o senador voltou a atacar Lula sem provas, sugerindo que o presidente teria sido responsável ou conivente com as ações.
"O que ele estava fazendo lá? Eu acho que ele saiu [de Brasília] torcendo para acontecer o que aconteceu. Não dá para colocar na conta do Bolsonaro o 8 de janeiro. Lula já estava no cargo, os movimentos estavam esvaziando. Eles sabiam e tinham a informação e não fizeram nada", acusou Flávio.
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