Imagina se Bolsonaro tivesse assinado, diz Cid sobre decreto do golpe

As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) na operação Tempus Veritatis desvendaram uma conversa que vem chocando muita gente

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles
Mauro Cid


As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) na operação Tempus Veritatis desvendaram uma conversa que vem chocando muita gente. O escopo das apurações não se limitou ao governo de Jair Bolsonaro (PL), mas também mostrou uma conversa entre o tenente-coronel Mauro Cid com a esposa, após o 8 de janeiro, dando a entender que o ex-presidente mudaria os rumos da situação se tivesse assinado o decreto do golpe..

Uma dessas mensagens, obtida pela PF, revela o espanto do tenente-coronel Mauro Cid diante da reação internacional aos ataques golpistas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro. A comunidade global condenou veementemente a tentativa de golpe contra o presidente eleito e empossado.

No calor dos acontecimentos, Gabriela Cid, esposa do braço-direito de Bolsonaro, compartilhou prints de líderes de Estado pelo WhatsApp. Entre os posicionamentos destacados estavam os do presidente francês, Emmanuel Macron, e do então dirigente argentino, Alberto Fernández. Além disso, um post fazia alusão à posição do chefe de Estado colombiano, Gustavo Petro.

A frase "Imagina se ele tivesse assinado", proferida por Cid, aponta diretamente para Jair Bolsonaro, segundo informou a coluna de Malu Gaspar em O Globo. Os investigadores da PF sustentam que o pronome "ele" se refere ao ex-presidente.

Segundo a representação enviada ao Supremo Tribunal Federal, o grupo investigado elaborou um documento com o objetivo de executar um golpe de Estado no Brasil durante a gestão de Bolsonaro.

Esse documento, conhecido como a minuta de decreto golpista, foi concebido no Palácio da Alvorada. Os responsáveis por sua elaboração incluem o então assessor especial da Presidência, Filipe Martins, e o jurista Amauri Feres Saad, com ajustes feitos pelo próprio presidente.

De acordo com a PF, os golpistas planejavam prender o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, e anular o resultado das eleições que garantiram a Lula seu terceiro mandato.


A conversa de Cid com a esposa, segundo a PF, aponta para o fato de que a expectativa era de que o ato poderia ter acontecido após a assinatura do documento por Jair Bolsonaro.

No dia 8 de janeiro, durante a invasão na Praça dos Três Poderes, houve quem defendesse que o presidente Lula deveria ter assinado uma GLO (Garantia de Lei e Ordem), o que daria plenos poderes para as Forças Armadas. A decisão acabou não acontecendo e o presidente optou por uma intervenção federal em Brasília