Nos bastidores da política paulistana, movimentações estratégicas delineiam os rumos da campanha do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB-SP), que se empenhará em reforçar a percepção de ser um político de centro-direita. O que inicialmente parecia ser uma aposta no bolsonarismo, sofrerá uma reviravolta, direcionando-se para uma postura mais alinhada ao conservadorismo e à defesa da democracia.
A mudança de estratégia de Ricardo Nunes é motivada por uma série de fatores, incluindo análises de pesquisas internas e recentes acontecimentos políticos, como a ação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, relacionada a um suposto plano de golpe de Estado. Diante desse contexto, Nunes buscará se distanciar do bolsonarismo e reforçar sua posição como defensor dos valores democráticos.
Nesse sentido, aliados do prefeito passaram a difundir a narrativa de que não é Nunes quem apoia Bolsonaro, mas sim o contrário. Essa estratégia visa criar a percepção de que Bolsonaro está alinhado a Nunes como parte de um esforço para impedir a vitória de Guilherme Boulos, do PSOL-SP, e favorecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, na disputa pela prefeitura paulistana.
Além disso, Ricardo Nunes utilizará sua associação com o governo de Bruno Covas, ao qual apoiou na primeira gestão e foi vice na segunda, antes de assumir a prefeitura após o falecimento de Covas em 2021, como um trunfo. Ele destacará sua proximidade com o ex-presidente Michel Temer e a ministra Simone Tebet, enfatizando que uma eventual vitória em São Paulo fortalecerá sua capacidade de construir pontes com o Congresso Nacional e o governo federal.
Outra possibilidade em consideração pelo prefeito é a escolha de um vice alinhado com o Centrão, em detrimento de uma figura ligada ao bolsonarismo. Contudo, essa decisão dependerá do aval do PL, partido que integra o bloco político do Centrão.
Além disso, há um grande debate no MDB sobre a participação ou não de Ricardo Nunes no ato pró-Bolsonaro no dia 25 de fevereiro. Uma ala defende que ele não esteja na Paulista, enquanto outro grupo acredita que isso pode ser visto com maus olhos pelo ex-presidente.