Terroristas que invadiram a Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Terroristas que invadiram a Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro

Uma pesquisa realizada pela Universidade do Sul da Flórida (USF) sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro aponta que parte das postagens feitas nas redes sociais antes e durante os ataques no Brasil veio de usuários localizados nos Estados Unidos.

À CNN, o autor da pesquisa, Joshua Scacco, explicou que os usuários registrados nos Estados Unidos desempenharam papel significativo na divulgação e amplificação das mensagens, a ponto de liderar o número de publicações.

Para chegar aos resultados, Scacco filtrou as publicações no Twitter que utilizaram expressões como “Brazilian Spring” e “Festa da Selma”, que servirm como marcações para identificar os protestos. Observou-se que a maioria das mensagens era de perfis registrados em Orlando e em Miami, no sul da Flórida.

“Como a comunicação digital não tem fronteiras, por vezes precisamos olhar para fora das fronteiras imediatas do nosso país para compreender os processos de influência”, disse Scacco à CNN.

O estudo começou ainda durante os ataques, chegando a usuários brasileiros residentes na Flórida que, apesar do número baixo de seguidores, tinham suas postagens viralizadas entre os apoiadores do 8 de janeiro. Dessa forma, a pesquisa os classificou como “pontes” entre centrais de desinformação e o público.

“Os relatos da Florida representam uma constelação de indivíduos que espalharam e propagaram mensagens sobre a insurreição. Ilustram o poder dos meios de comunicação social e digital para ligar indivíduos além-fronteiras que partilham perspectivas semelhantes, bem como os ciclos de feedback de mensagens entre diferentes países. O que é significativo é que as pessoas irão procurar fontes confiáveis ​​que pensam como elas, mesmo que essas fontes divulguem conteúdo incorreto ou problemático”, destacou Scacco, que é PhD em Comunicação.

A tese de Scacco é que as redes de desinformação dependem, em parte, do funcionamento das contas 'pontes'. Sem elas, o movimento virtual dos ataques sofreria um forte abalo.

Scacco evitou se pronunciar sobre as especulações de outros ataques no país, e destaca que a defesa da democracia é o que sempre deve se repetir.

“As democracias nas Américas, incluindo no Brasil e nos Estados Unidos, continuam frágeis e devem continuar a ser promovidas. Não quero especular se um evento acontecerá novamente. O que as pessoas precisam compreender é que a democracia não é uma garantia e deve ser trabalhada ativamente para garantir que todos se sintam representados e estejam representados”, conclui.

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