O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), responsabilizou, em parte, a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo déficit de R$ 230 bilhões do atual governo em 2023
. Nesta segunda-feira (29), o chefe da pasta afirmou que precisou fazer diversos pagamentos para quitar calotes herdados da administração anterior.
Em conversa com a imprensa, Haddad citou algumas despesas que não foram pagas por Bolsonaro, como os precatórios, além das indenizações a estados e municípios pela redução do ICMS. Segundo o ministro da Fazenda, o não-pagamento da gestão anterior corresponde a metade do déficit do ano passado.
"Temos que considerar é que esse resultado é expressão de uma decisão que o governo tomou de pagar o calote que foi dado tanto em precatórios quanto nos governadores, em relação ao ICMS de combustíveis. Dos R$ 230 bilhões (de déficit), praticamente a metade é pagamento de dívida do governo anteior que poderia ser prorrogada pra 2027 e nós achamos que não era justo quem quer que fosse o presidente", disse Haddad.
Ainda comentando o déficit de 2023, Haddad criticou a imprensa e chamou o legado de Bolsonaro de "tenebroso". "As manchetes, acho que não correspondem ao esforço que o governo fez de passar a régua nesse legado tenebroso das contas públicas. Eu penso que isso ficou para trás, é muito importante, e eu penso que o mercado entendeu, reagiu bem àquilo que estava programado", declarou.
Por fim, Haddad ainda afirmou que, mesmo com o resultado negativo, a economia brasileiro responde bem ao resultado. "O déficit real (descontando pagamentos em atraso) se aproximou muito do número que eu havia anunciado no dia 12 de janeiro de 2023, que era déficit de 1% do PIB", comentou.
"E valeu a pena fazer o esforço e tomar essas duas decisões (de pagar precatórios e indenizar estados e municípios), que foram posteriores ao anúncio de 12 de janeiro, mas que encontram respaldo em boas práticas tanto do ponto de vista da economia, quanto do ponto de vista constitucional, do direito brasileiro", acrescentou.
O desempenho foi o pior desde 2020, período em que foi registrado um déficit de R$ 939,95 bilhões, ajustado pela inflação. Essa marca contrasta com o superávit de R$ 54,1 bilhões, equivalente a 0,5% do PIB, alcançado em 2022.