O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou desconforto entre lideranças do MDB e PSD ao cogitar a possibilidade de orientar seus ministros a não participarem de palanques de políticos opositores ao governo federal.
A medida, ainda não oficializada, visa preservar a imagem do Palácio do Planalto durante o período eleitoral, mas encontra resistência entre aliados.
De acordo com informações do jornalista Ricardo Noblat, a intenção de Lula é evitar a presença de ministros em eventos ao lado de políticos que estejam em campos opostos ao governo, uma medida que poderia impactar diretamente nas eleições municipais, como no caso da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), que buscará a reeleição em São Paulo.
Conforme apurou a coluna Panorama, a notícia não foi bem recebida pelas lideranças do MDB e PSD, que planejam dialogar com Lula para expressar sua insatisfação e argumentar que o governo, conforme prometido pelo presidente, deveria ser uma frente ampla.
A justificativa é que, em uma frente ampla, é natural que ministros possam apoiar candidatos de diferentes visões políticas durante as eleições municipais.
As lideranças desses partidos também expressam preocupação de que a suposta regra beneficie principalmente o PT e o PSB, permitindo que membros desses partidos subam aos palanques de candidatos alinhados com o governo.
Citam como exemplo a possibilidade de Geraldo Alckmin e Márcio França, do PSB, apoiarem Tabata Amaral em São Paulo, já que a deputada federal faz parte da base governista.
A expectativa é que as conversas sobre esse tema ocorram no próximo ano, quando Lula começar a discutir assuntos relacionados às eleições de 2023.
Alguns membros dos partidos aliados cogitam a possibilidade de, caso Lula mantenha a ordem de restrição aos ministros, deixarem a base do governo e adotarem uma posição de neutralidade.
No entanto, há também quem acredite que o pragmatismo prevalecerá antes de qualquer decisão ser tomada.