A procuradora Elizeta Ramos, chefe interina da Procuradoria-Geral da República, anunciou uma mudança em sua posição anterior, agora decidindo rever a estrutura do Ministério Público Federal nos estados. Essa decisão ocorre em meio à demora na escolha de um novo procurador-geral por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Inicialmente, Elizeta havia declarado que não realizaria mudanças na estrutura do MPF e que deixaria as indicações para o seu sucessor. Contudo, diante da demora na nomeação do novo procurador-geral, a procuradora-chefe interina reconsiderou sua posição.
A decisão abriu um cenário de disputa de poder no Ministério Público entre procuradores alinhados à antiga Lava Jato, liderada pelo ex-PGR Rodrigo Janot, e procuradores críticos à operação, próximos ao ex-PGR Augusto Aras.
Elizeta enviou mensagens aos atuais chefes das unidades do MPF nos estados, informando que dará continuidade ao processo de sucessão, nomeando os procuradores-chefes. Ela ressaltou, no entanto, que o próximo procurador-geral nomeado por Lula poderá efetuar novas mudanças, revogando a norma atualmente em vigor.
Essa decisão gerou preocupação entre procuradores, que temem possíveis desgastes nas relações entre o futuro PGR e os membros da categoria se decisões dessa natureza forem tomadas.
Escolha do novo Procurador-Geral
A indicação de um novo procurador-geral é aguardada desde setembro, mas o presidente Lula ainda não anunciou um nome para o cargo. O processo de sucessão seguirá uma portaria de 2003, que prevê que a escolha dos procuradores-chefes seja feita por eleição entre os colegas, regra que continua em vigor.
A Procuradoria da República no Distrito Federal já realizou uma eleição interna para a nova chefia e enviou o nome da procuradora Anna Carolina Resende para que Elizeta formalize a designação.
Anna Carolina é apontada como próxima da "ala lavajatista" da instituição e a Procuradoria no Distrito Federal é estratégica, uma vez que investiga, em primeira instância, políticos de Brasília.
Possíveis nomes para o cargo
Dois dos principais cotados para o cargo de procurador-geral são Paulo Gonet e Antonio Carlos Bigonha, ambos críticos da Lava Jato. Essa escolha é observada de perto por interlocutores de Lula e procuradores críticos da operação, que aconselham o presidente a agilizar o processo de indicação.