Dino ironiza bolsonaristas na Câmara: "Não sou amigo de miliciano"

Provocação aconteceu em sessão na Comissão de Fiscalização e Controle

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil - 09/05/2023
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), compareceu nesta quarta-feira (25) a uma sessão na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, onde abordou a questão da violência no Rio de Janeiro e fez declarações contundentes sobre o problema das milícias no estado.

Dino destacou que a violência no Rio de Janeiro é um desafio de décadas e não poupou críticas àqueles que, em sua opinião, têm protegido e incentivado as milícias. Sua declaração foi vista como uma indireta à relação de membros da família Bolsonaro com suspeitos de integrar milícias no estado.

"Eu nunca homenageei miliciano, não sou amigo de miliciano, não sou vizinho de miliciano, não empreguei no meu gabinete filho de miliciano, esposa de miliciano, e portanto, não tenho nenhuma relação com o crime organizado do Rio de Janeiro. E nós temos, portanto, essa atitude de combate firme, não só às facções, como também aos milicianos", afirmou o ministro durante a sessão.

O bate-boca marcou a sessão, com contestações entre Flávio Dino e a presidente da comissão, Bia Kicis. Bolsonaristas presentes na sessão associaram a fala de Dino aos pedidos de homenagens a policiais denunciados por envolvimento com milícias, feitos por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Dino também negou ter "pedido autorização ao tráfico" para comparecer a um ato de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva no Complexo da Maré e justificou sua ausência na Comissão de Segurança com a alegação de falta de segurança para comparecer ao colegiado.

"Eu fui à Maré e entrei 15 metros dentro da comunidade, com a devida segurança. Não houve um passeio, como dizem que houve, e não vi qualquer criminoso armado. Sabem o porquê de eu não ir à Comissão de Segurança? Não me sinto à vontade em um ambiente em que todos me ofendem e ainda falam que estão armados, em tom de ameaça. A equipe de inteligência da Polícia Federal não achou prudente vir", explicou o ministro.


Flávio Dino havia faltado a convocações anteriores da Comissão de Segurança, alegando ameaças feitas por parlamentares do colegiado à sua integridade física.

Ele ressaltou: "Faltei por motivos já justificados. A ausência é um direito. Foram as polícias Militar e Federal que recomendaram que eu não fosse à Comissão de Segurança e me liberaram para estar aqui, na Comissão de Fiscalização e Controle."