O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou neste domingo (19) em entrevista à Folha de S.Paulo que as bancadas do PP e Republicanos na Casa agora fazem parte da base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa mudança ocorreu após um acordo que resultou na indicação de ministros dos partidos para o governo.
“Há uma aproximação de partidos de centro que não faziam parte da base do governo para essa adesão. É claro que, quando um partido indica um ministro que era líder de um partido na Câmara [caso de André Fufuca, do PP, que virou ministro do Esporte], a tendência natural é que esse partido passe a ser base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados, como Republicanos, como outros partidos”, comentou.
Segundo Lira, a aproximação de partidos de centro, que anteriormente não faziam parte da base governista, levou à adesão dessas legendas à base de apoio de Lula na Câmara dos Deputados. Ele enfatizou que esse apoio se refere à atuação política no Congresso e não necessariamente a outros projetos políticos.
“Estamos tratando de base de apoio. Não estamos tratando de outros tipos de projetos [políticos], por enquanto. Não quer dizer que [isso] não possa avançar, mas por enquanto nós estamos falando de apoio político no Congresso”, pontuou.
Lira destacou que o PP, apesar de seu presidente, o senador Ciro Nogueira, ter uma postura de oposição ao governo, passou a integrar a base de apoio a Lula na Câmara dos Deputados. No entanto, ele ressaltou que não é possível garantir que todos os 49 deputados do PP votem conforme os interesses do Palácio do Planalto.
Com a entrada do PP e Republicanos no governo, Arthur Lira acredita que a base de apoio a Lula na Câmara alcance entre 340 e 350 votos, o que seria suficiente para a aprovação de Propostas de Emenda à Constituição (PECs).
Lira negou que as negociações para a entrada desses partidos na base de apoio tenham caráter de fisiologismo e explicou que o presidente Lula optou por essa estratégia para formar sua base, trazendo os partidos para ocupar espaços na Esplanada dos Ministérios, semelhante ao que ocorreu no início de seu governo com PSD, União Brasil e MDB.
"Eu sempre combati isso [presidencialismo de coalizão]. Mas essa é a maneira escolhida pelo governo que foi eleito democraticamente. O presidente Lula escolheu essa maneira de formar sua base, trazendo os partidos para ocupar espaço na Esplanada dos Ministérios", explicou.
O presidente da Câmara também mencionou que a Caixa Econômica Federal terá indicações políticas, e ele fará parte desse processo, mas a intenção é contemplar não apenas o PP, mas também outros partidos do Centrão.