O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, homologou o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com essa decisão, o militar obteve liberdade provisória, porém com medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, restrições de horários para sair de casa e afastamento de suas funções no Exército.
Cid permaneceu detido por quatro meses no Batalhão de Polícia do Exército. Durante esse período, manteve uma rotina ativa, realizando exercícios diariamente durante o banho de sol, em uma área designada dentro do batalhão, sempre acompanhado por um soldado, segundo informações do Metrópoles.
Além dos exercícios físicos, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro dedicou parte do tempo à leitura de livros e à elaboração de anotações relacionadas à sua defesa legal. A vida no batalhão incluía a mesma alimentação servida aos militares, com quatro refeições diárias. Um soldado levava a comida até a sala onde o tenente-coronel estava e recolhia o prato após as refeições.
A visita de Cid por parte de familiares e amigos foi restrita pelo ministro Alexandre de Moraes, após 73 visitantes, em sua maioria militares, terem comparecido em apenas 19 dias, o que levou o ministro a considerar o número elevado.
O tenente-coronel é alvo de múltiplos inquéritos conduzidos pela Polícia Federal. A investigação mais recente está relacionada à tentativa de venda de um relógio Rolex avaliado em R$ 300 mil, que supostamente seria um presente dado por sauditas a Jair Bolsonaro durante uma viagem oficial do ex-presidente.
A decisão de Mauro Cid de optar pela delação premiada tomou força quando a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro descobriu que o coronel do Exército Jean Lawand Junior o havia visitado na prisão.
Lawand foi o militar que trocou mensagens com Cid sugerindo a possibilidade de um "golpe de Estado" para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Essa descoberta fortaleceu o argumento técnico utilizado pelo ministro Moraes para justificar a prisão preventiva do tenente-coronel, baseado no risco de influência no inquérito.
Jean Lawand também é investigado por sua participação na discussão sobre um possível golpe, o que levanta suspeitas de que ambos os investigados poderiam estar combinando versões no contexto das investigações em curso.