O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu neste sábado (26) a reformulação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que, na sua visão, deveria passar a ter como membros países da África e América Latina, incluindo o Brasil. Em fala a jornalistas na Angola, onde está em visita oficial após deixar a 15ª Cúpula de chefes de Estado dos Brics , na África do Sul, Lula disse que o Conselho de segurança da ONU, ao invés de garantir a paz mundial, promove guerras.
"A ONU já não representa mais aquilo pelo qual ela foi criada. A ONU de 2023 está longe de ter a mesma credibilidade da ONU de 1945", disse Lula. "O Conselho de Segurança, que deveria ser a segurança da paz e da tranquilidade, é o que faz a guerra sem conversar com ninguém. A Rússia vai para a Ucrânia sem discutir no Conselho de Segurança. Os Estados Unidos vão para o Iraque sem discutir no Conselho de Segurança. A França e a Inglaterra vão invadir a Líbia sem passar pelo Conselho de Segurança. Ou seja, quem faz a guerra, quem produz arma, quem vende armas são os países do Conselho de Segurança. Está errado", completou o presidente.
Órgão da ONU responsável por zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional, o Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China), além de 10 membros eleitos.
Em sua fala, Lula defendeu que a expansão dos Brics , anunciada nesta quinta-feira (24), pode ajudar o bloco a batalhar por mais espaço no Conselho de Segurança da ONU.
"É preciso que haja um compreensão de que precisa ter mais países", disse o presidente. "Em 1948, a ONU conseguiu criar o Estado Israel. Em 2023, ela não consegue fazer cumprir a área reservada aos palestinos. Ela ficou enfraquecida. E, na questão climática, é mais grave. Em todas as COP, nós decidimos muitas coisas, mas nenhuma delas é cumprida. Por que não é cumprida? Porque não há um Estado soberano. A ONU não tem força para dizer: 'Isso aqui nós temos que cumprir, se não haverá determinadas ações'", completou.
Lula na África
Na visita à Angola, Lula disse que o governo federal estuda a abertura de um consulado geral em Luanda. Segundo o presidente, o país abriga a maior comunidade brasileira na África, com cerca de 30 mil brasileiros. "Por isso, instruí o chanceler Mauro Vieira a estudar a abertura de um consulado geral em Luanda, que seria o primeiro num país de língua portuguesa na África", disse Lula.
O presidente defendeu, ainda, o aumento de investimentos na África. "É um continente que, na medida que receba ajudas de fundos internacionais e dos países ricos, vai dar um salto de qualidade extraordinário", declarou.
Lula encerra neste sábado sua visita à Angola. Depois, ele irá para São Tomé e Príncipe, onde participará da Cúpula dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).