CPMI do 8 de janeiro: defesa diz que Mauro Cid foi 'vítima de cilada'
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CPMI do 8 de janeiro: defesa diz que Mauro Cid foi 'vítima de cilada'

A Polícia Federal e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas  de 8 de janeiro devem seguir estratégias semelhantes, com foco em rastrear o dinheiro que circulou entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu círculo mais próximo. As investigações serão ampliadas para incluir análises de transações em contas bancárias no Brasil e no exterior, além de revisar os extratos de cartões de crédito.

Um dos objetivos principais é traçar a origem dos recursos usados para recomprar um relógio Rolex nos Estados Unidos. Essa negociação faz parte de um suposto esquema que envolve a venda de itens recebidos pelo ex-presidente durante suas viagens.

Investigação em nível internacional 

Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aprovou um pedido da Polícia Federal para cooperação internacional. Esse pedido será encaminhado ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça nos próximos dias.

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Valter Campanato/Agência Brasil - 12/07/2023
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

O advogado Frederick Wassef já admitiu que ele comprou novamente o Rolex em março. Os investigadores agora querem rastrear a origem do pagamento. Com a colaboração do FBI, os investigadores brasileiros pretendem esclarecer de qual conta saiu o dinheiro em espécie utilizado por Wassef, se os dólares entregues podem ser rastreados, se ele fez a compra sozinho e se existem imagens registrando o momento da aquisição.

Dinheiro em espécie

Outros incidentes envolvendo dinheiro em espécie também estão chamando a atenção da Polícia Federal. Em janeiro, o pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid estava com US$ 25 mil em espécie, que a PF suspeita serem de Bolsonaro. Há a suspeita de que a conta do oficial no exterior tenha sido usada para receber dinheiro proveniente da venda de joias. A PF investiga se esse esquema tinha como objetivo converter dinheiro em espécie para o patrimônio pessoal de Bolsonaro.

Frederick Wassef
Reprodução
Frederick Wassef

Na operação para recomprar outro conjunto de joias, executada por Mauro Cid em abril, ele sacou US$ 35 mil de uma agência do Banco do Brasil nos EUA antes de ir à joalheria. Além de acompanhar o ex-presidente em suas atividades diárias durante os quatro anos de governo, Cid também era responsável por administrar suas contas e cartões.

Quebra de sigilo fiscal e bancário

A análise das quebras de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro e sua esposa Michelle também está prevista. A CPI já possui relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Receita Federal, que fornecem informações detalhadas sobre as atividades financeiras do círculo próximo ao ex-presidente.

Com informações obtidas do Coaf, a PF investiga as movimentações atípicas e incompatíveis de Mauro Cid, incluindo um repasse de R$ 367 mil para uma conta americana em janeiro de 2023. Esses dados indicam uma ligação financeira intensa entre Cid e Bolsonaro.

Documentos em mãos dos parlamentares membros da CPMI

A CPMI possui uma compilação de e-mails diários de ajudantes de ordens de Bolsonaro, incluindo Mauro Cid. Entre esses e-mails, há mensagens que discutem a venda do Rolex, uma lista de relógios recebidos pela Presidência e os certificados de outros presentes internacionais. Com base nessa informação, tanto a Polícia Federal quanto a CPI estão buscando determinar se outros objetos foram vendidos no exterior e se o dinheiro foi direcionado para as contas de Bolsonaro.

O que diz a defesa de Jair Bolsonaro

A defesa do ex-presidente declarou que não há receio em relação à quebra do sigilo bancário e acrescentou que os detalhes da movimentação bancária serão apresentados voluntariamente para "esclarecer a verdade".

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