E-mails indicam encontros noturnos entre Bolsonaro, Aras e Lindôra

Reuniões não foram registradas na agenda oficial do ex-presidente

Foto: Bruno Batista/VPR
Jair Bolsonaro e Augusto Aras; PGR foi escolhido pelo ex-presidente


Uma série de e-mails recentemente revelados trouxe à tona uma série de encontros de "agendas privadas" entre Jair Bolsonaro (PL-RJ), o procurador-geral da República, Augusto Aras, e Lindôra Araújo. Essas reuniões, que não haviam sido divulgadas previamente pelo governo nem pelo Ministério Público Federal, ressuscitam questionamentos sobre transparência e possíveis conexões entre o ex-presidente, o PGR e a vice-procuradora.

De acordo com os registros de e-mails encontrados na caixa de mensagens do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o primeiro encontro dessas "agendas privadas" ocorreu na data de 11 de abril de 2022, com a participação de Lindôra e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), entre 19h e 20h.

Em 2 de maio de 2022, houve um segundo encontro, desta vez com a presença do procurador-geral da República entre 19h10min e 19h40min. A terceira reunião foi registrada em 10 de agosto de 2022, entre 20h45min e 21h30min, novamente com a presença de Augusto Aras.

Lindôra está envolvida em investigações relacionadas ao ex-presidente, incluindo um caso de racismo. Além disso, a descoberta dessas reuniões levanta dúvidas sobre a relação entre Bolsonaro e Augusto Aras, uma vez que o procurador-geral da República teria participado desses encontros não divulgados.

Essas revelações surgem em meio a um contexto político complexo, marcado pela condenação de Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

Os registros de e-mails também colocam em evidência o sigilo que cercou a lista de visitantes no Palácio da Alvorada durante o governo anterior, suscitando questionamentos sobre transparência e prestação de contas.


Mensagens obtidas do celular de Mauro Cid sugerem um encontro anterior entre Lindôra Araújo e Bolsonaro, datado de março de 2021, levantando suspeitas de conexões não documentadas entre os dois.

A vice-procuradora, apontada por colegas de ser rígida em casos criminais, também teria solicitado o arquivamento de apurações preliminares da CPI da Covid relacionadas a Bolsonaro, recebendo críticas dos opositores do ex-presidente.