Após repercussão negativa sobre as regiões Sul e Sudeste buscarem protagonismo polític o , o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou na noite de domingo (6), que "a união do Sul e do Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões".
"Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união", escreveu Zema nas redes sociais.
A fala do governador mineiro ocorre um dia após uma entrevista dada ao jornal Estado de S.Paulo, em que propõe a criação de ações de um consórcio de estados do Sul e Sudeste para se defender no Congresso Nacional de perdas econômicas diante dos estados do Norte e Nordeste.
“Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento. É preciso tratar a todos da mesma forma”, disse o governador ao Estado de S. Paulo.
O objetivo é a criação de um Consórcio Sul-Sudeste (Cosud) para integrar os estados do sul e sudeste do país politicamente, coordenando a atuação política em um bloco organizado que busca angariar recursos e apoio para temas importantes para a região.
Zema ainda citou que no sul e sudeste “temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País".
"Não é pouco, nê? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos nós queremos - que é o que nunca tivemos - que é protagonismo político. As decisões têm que escutar ambos os lados e o Cosud vai fazer esse papel porque ninguém pode ignorar o peso de expressivo de 256 deputados na Câmara.”
Repercussão negativa
Após a fala de Zema, a oposição e alguns aliados começaram a criticá-lo, dizendo que o governador estava sendo xenofóbico.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que considera “absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais”.
“Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”, continuou Dino.
Governadores dos estados do Nordeste ainda emitiram uma nota em conjunto no domingo repudiando a fala de Zema.
"Indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades", diz trecho da nota assinada pelo governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), presidente do Consórcio Nordeste.
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) disse que Zema estabelece "alvos" e discrimina regiões do país. Além disso, o ex-governador de Minas Gerais afirmou que "Minas nunca foi antagônico às regiões mais pobres do país, até porque fazemos parte delas, muito menos imaginou liderar esse antagonismo".
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), disse ainda, durante coletiva do evento Diálogo Amazônicos, que sem a Amazônia "não tem como o Brasil sequer ter vida".
"Sem a Amazônia não tem como ter agricultura, não tem como ter indústria, não tem como o Brasil sequer ter vida, no Sul, no Sudeste, no Centro-Oeste, porque a ciência diz que seria um deserto como o do Atacama ou o Deserto do Saara. (...) Quem mede o nosso peso pela nossa quantidade precisa entender um pouco mais de qualidade", afirmou a ministra.