Bolsonaro diz que 'não consegue dormir desarmado'

Ex-presidente criticou novo decreto de armas, dizendo que está 'rigoroso demais', e afirmou que 'não vê maldade' em quem quer atirar

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil - 12/07/2023
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que "não consegue dormir desarmado" e que "raramente" circula sem uma arma. Após  novo decreto de armas publicado na última semana pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro afirmou que "não vê maldade nenhuma em quem quer atirar".

"A esquerdalha nunca abandonou a ideia de, pela luta armada, conseguir alguma coisa. Se bem que agora mudaram bastante e estão mais com mentiras para chegar ao poder. Eu não consigo dormir desarmado. Eu me sinto mais seguro e raramente ando desarmado", disse ele em entrevista divulgada pela revista Crusoé  nesta sexta-feira (28).

Ele ainda criticou a atual legislação referente a armamento no Brasil.

"O problema é que está rigoroso demais. Não é qualquer um que pode ter uma arma no Brasil. O PT não respeitou o referendo das armas, que nos deu o direito de comprar armamento e munição. Como é que ele brecou isso? A comprovação da 'efetiva necessidade'", afirmou.

O ex-chefe do Executivo também citou a decisão da Polícia Federal em negar o pedido de renovação de porte de armas do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu filho.  Ele sugeriu que a PF teria sido orientada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, embora "não possa garantir".

"Até o meu filho Carlos, nesta semana, teve seu pedido de renovação de porte negado pela Polícia Federal. Se a gente tivesse a percepção de que isso aconteceria, teríamos feito o pedido ano passado. Ele não teria dificuldade. Está na cara que a Polícia Federal foi orientada pelo ministro da Justiça, embora eu não possa garantir. Talvez o Flávio Dino tenha um poder, um ‘repelente’. Agora é uma perseguição à minha família, sob todos os aspectos", acrescentou.

Nessa terça (25), Lula disse ter pedido a Dino para fechar "quase todos" os clubes de tiro do país. De acordo com ele, apenas as forças de segurança precisam de um lugar para "treinar tiro".

"Eu, sinceramente, não acho que um empresário que tem um lugar para praticar tiro é um empresário. Eu, sinceramente, não acho. Eu, já disse para o Flávio Dino, nós temos que fechar quase todos, só deixar aberto aqueles que são da PM e do Exército, ou da Polícia Civil. É organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro. Não é a sociedade brasileira", afirmou o mandatário durante a live semanal "Conversa com o Presidente".

Na transmissão, o presidente ainda afirmou que "quem consegue comprar [arma] é o crime organizado, quem tem dinheiro. Pobre, trabalhador, não tá conseguindo comprar comida, material escolar, brinquedo". "Como é que as pessoas que trabalham vão comprar fuzil?", questionou o petista.

Na ocasião, o mandatário defendeu o decreto que prevê novas regras para as pessoas que quiserem adquirir e ter porte de armas e munições no Brasil, que foi publicado na última semana pelo governo federal.

Entre as mudanças previstas no decreto divulgado semana passada estão a limitação na quantidade de armas e munições que podem ser compradas por pessoa, além da restrição de calibres específicos, a proibição do funcionamento de clubes de tiro por 24 horas e a obrigação de andar com arma desmuniciada.

As principais  alterações no Programa de Ação na Segurança (PAS) são focadas nos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores).