Élcio e Lessa conversavam por app de mensagens secretas sobre Marielle

O Confide é um aplicativo que, ao receber a mensagem, ela é apagada logo em seguida

Foto: Reprodução
Ronnie Lessa

O ex-policial militar Élcio de Queiroz , delator do caso Marielle Franco , afirmou que se comunicava com  Ronnie Lessa, também ex-PM e assassino da vereadora e do motorista Anderson Gomes , pelo aplicativo Confide , rede de mensagens bastante utilizada nos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump.

"Eu tratava de assuntos triviais pelo WhatsApp normal, mas quando era alguma coisa assim muito reservada, aí eu tratava no Confide. Todos os nossos conhecidos já estavam usando isso aí. Então, era até, às vezes, um meio de quando não atendia um, chamava também no Confide, porque fazia outro tipo de toque", disse Élcio na delação premiada.

O Confide é um aplicativo em que, ao receber a mensagem, ela é apagada logo em seguida. A mídia norte-americana já apontou falhas de segurança no aplicativo se for utilizado redes públicas de Wi-Fi, ou seja, a criptografia não é muito confiável.

No Brasil, Joesley Batista utilizou o Confide em 2017 para marcar encontro em Nova York com o então presidente Michel Temer. Segundo o Ministério Público Federal, a conversa seria para tratar assuntos "ilícitos". A denúncia do MPF não foi adiante.


Delação premiada

O ministro Flávio Dino afirmou na segunda-feira (24) que Élcio Queiroz, réu por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, após revelar mais informações do crime em delação premiada,  terá benefícios em razão do acordo, mas permanecerá preso. Segundo Dino, a delação de Élcio e a prisão de Suel representam um “evento de enorme importância”, e encerra a apuração sobre a execução das vítimas em si. "As cláusulas ainda permanecem sob sigilo judicial, mas posso afirmar que o senhor Élcio continuará preso em regime fechado. Inclusive, onde se encontra”, detalhou.

As investigações, porém, seguem para chegar aos possíveis mandantes do crime, e levarão "sem dúvida" aos mandantes do assassinato de Marielle Franco, afirmou o ministro na coletiva.

O delegado Jaime Cândido, da Polícia Federal do Rio de Janeiro, alegou durante coletiva de imprensa realiza hoje (24) que, "Élcio foi convencido a delatar porque Ronnie garantiu que não havia pesquisado sobre Marielle, o que gerou desconfiança em Élcio".

Élcio relatou que Lessa sabia exatamente quem era Marielle, mas não tinha informações sobre o veículo utilizado ou se ela estava acompanhada de algum motorista. "Não, ele não sabia do veículo, não disse nada. Ele suspeitou porque um homem estava em pé na porta com um celular, então ele pensou que fosse aquele carro", detalhou o ex-PM.