Uma das principais vantagens obtidas por Élcio Queiroz nas negociações para sua delação premiada é que criminoso não enfrentará julgamento por júri popular, ao contrário de Ronnie Lessa, suposto executor dos disparos no crime.
Élcio Queiroz, ex-policial militar envolvido nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, obteve essa principal vantagem após aceitar realizar delação, mesmo confessando sua participação no crime. O acordo homologado pela Justiça determina que, além dos 4 anos de prisão, ele deve cumprir mais 8 anos em regime fechado, dando um total de 12 anos.
A pena também deve ser cumprida em penitenciária estadual. O nome do presídio ainda não foi divulgado. Atualmente, ele está em presídio federal. Outro aspecto negociado pela defesa de Élcio é a proteção para sua família durante o processo de colaboração com as autoridades.
Na delação, Élcio admitiu ter dirigido o veículo Cobalt prata utilizado no atentado, mas atribuiu a Lessa a autoria dos disparos que resultaram na morte da vereadora e do motorista. Queiroz também forneceu outros detalhes sobre a execução, como a primeira parada feita pela dupla na casa do irmão de Ronnie Lessa. Após isso, Dennis Lessa chamou um táxi para ambos, fato que pôde ser rastreado na investigação.
O ex-PM decidiu colaborar com as investigações após suspeitar de seu comparsa, Ronnie Lessa havia mentido para ele ao dizer que não tinha realizado nenhuma pesquisa prévia sobre Marielle Franco. Mas as invetigações apontaram que Lessa buscou o CPF da então vereadora e também de sua filha em um banco de dados privado.
A decisão do ex-PM de colaborar com as autoridades ocorreu após quatro anos de prisão, quando ele percebeu que as investigações estavam se aproximando da verdadeira autoria do crime.
"O convencimento do Élcio foi porque o Ronnie garantiu que não tinha feito pesquisa em Marielle e isso gerou uma desconfiança por parte de Élcio", afirmou o delegado Jaime Cândido, da Polícia Federal, em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (24).
Na delação, Élcio também detalhou a participação de Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, e descreveu toda a dinâmica do crime. O ex-bombeiro foi preso durante a Operação Élpis, na segunda-feira.