Boulos busca "frente ampla" para candidatura à prefeitura de São Paulo

Psolista Guilherme Boulos falou das negociações

Foto: Reprodução
Boulos cobra apoio do PT em São Paulo


Guilherme Boulos (PSOL-SP), deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo, revelou sua intenção de não ser apenas o representante de um partido político, mas liderar uma ampla "frente" política. Em entrevista ao Esfera Brasil, grupo que reúne empresários de diversos setores, o psolista reconheceu a resistência de vereadores do PT em relação à sua candidatura.

Segundo o parlamentar, é compreensível que haja questionamentos dos vereadores petistas, uma vez que o PT historicamente lançou candidatos próprios à prefeitura paulistana. Boulos destacou que a preocupação dos vereadores sobre o impacto de sua candidatura na chapa de vereadores do partido é legítima.

"Eu serei, sim, candidato pelo PSOL, mas não serei candidato de um partido. Espero ser o candidato de uma frente com PT, PCdoB, PV, Rede, PDT e, eventualmente, com outros partidos que podem se somar", afirmou o deputado. Ele enfatizou seu desejo de liderar uma "frente progressista" que reúna diferentes legendas em torno de um projeto comum.

A aproximação de Boulos com setores empresariais foi evidenciada durante a entrevista, onde ele foi fotografado em frente a um mural com o rosto de Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada em 2018. Desde 2020, o deputado tem adotado um discurso mais moderado para se afastar da imagem de “radical”, do qual é criticado por muitos eleitores.

No entanto, o parlamentar enfrenta desafios dentro de seu próprio campo político. Vereadores do PT em São Paulo têm questionado sua candidatura, exigindo maior participação nas discussões da liderança nacional sobre a eleição de 2024 na capital, conforme revelou o Portal iG. Parte da bancada de oito parlamentares se mostra resistente à intenção do presidente Lula de apoiar o deputado federal.

Historicamente, o PT lançou candidatos próprios à prefeitura de São Paulo, mas não chegou ao segundo turno em 2016, quando João Doria, então filiado ao PSDB, venceu no primeiro turno, e na eleição de 2020 com a derrota de Jilmar Tatto, que conquistou só 8,6% dos votos válidos.

O acordo político de Boulos com o PT ocorreu no ano passado, quando ele retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo em troca do apoio do partido à sua candidatura municipal. Essa estratégia permitiu a formação de uma frente ampla de esquerda, que incluiu Fernando Haddad, candidato petista ao governo estadual, levando o PT ao segundo turno nas eleições.

Quanto à escolha do vice na chapa, Boulos ainda não definiu a posição, mas está dialogando com o presidente do PT de São Paulo e os parlamentares do partido em busca de consenso.


Boulos quer campo progressista ao seu lado

O pré-candidato reforçou que São Paulo possui uma tradição progressista, citando as vitórias históricas de Luiza Erundina, Fernando Haddad e Marta Suplicy. No entanto, ele observou que ainda não está claro se sua candidatura enfrentará uma polarização com algum bolsonarista “raiz” ou com o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Boulos tenta convencer Tabata Amaral (PSB-SP) e José Luiz Datena (PDT-SP) a apoiá-lo para enfrentar seus adversários.