Veja ponto a ponto da investigação do assassinato de Marielle Franco

Marielle Franco foi morta em 2018

Foto: Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Marielle teve forte trabalho social de base antes de ser eleita vereadora


Cinco anos se passaram desde o assassinato brutal da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, e, apesar dos esforços empreendidos, a investigação ainda não chegou a uma conclusão definitiva. Ao longo desse período, cinco delegados da Polícia Civil do Rio de Janeiro estiveram à frente do caso, mas as circunstâncias do crime continuam cercadas por incertezas e dúvidas.

O desafio para as autoridades em solucionar esse caso tem sido longo e complicado. Desde 2018, os delegados Giniton Lages, Daniel Rosa, Moisés Santana, Edson Henrique Damasceno e Alexandre Herdy se revezaram na condução das investigações, mas, até o momento, a verdadeira motivação e os autores do crime ainda precisam ser esclarecidos completamente.

Nesta segunda-feira (24), um novo desdobramento trouxe esperança de avanços na investigação. Em uma ação conjunta da Polícia Federal com o Ministério Público estadual, o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa foi preso após a delação premiada do ex-PM Élcio Queiroz. As autoridades acreditam que essa nova prisão possa lançar luz sobre o caso e abrir caminho para esclarecer detalhes ainda obscuros.

As idas e vindas da investigação, as diferentes versões apresentadas ao longo dos anos e a complexidade do crime têm frustrado a sociedade e aumentado a pressão por respostas. A morte de Marielle Franco, conhecida por ser defensora dos direitos humanos e representante das minorias, provocou comoção e indignação tanto no Brasil como no exterior, tornando o caso um símbolo de impunidade e falta de justiça no país.

Diversas linhas de investigação foram seguidas ao longo desses cinco anos, mas a ausência de resultados conclusivos tem gerado especulações e questionamentos sobre a eficácia das instituições responsáveis pela apuração do crime.

A prisão de Maxwell Simões Correa é mais um capítulo nessa trajetória de investigação, e se espera que novas informações venham à tona a partir de sua colaboração com as autoridades. No entanto, é importante destacar que o caso continua complexo e delicado, exigindo rigor e imparcialidade nas apurações.


Principais pontos da investigação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes:

1.      março de 2018: Marielle Franco participa de um debate na Casa das Pretas, região central do Rio de Janeiro, e ao sair do evento com o motorista Anderson Gomes e a assessora Fernanda Chaves, são perseguidos e atacados por assassinos em um veículo. Marielle é atingida por quatro tiros na cabeça e morre no local, enquanto Anderson também é morto, e Fernanda sobrevive aos estilhaços.

2.      Maio de 2018: Detalhes do depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, envolvendo o então vereador Marcello Siciliano e o ex-PM Orlando Curicica são revelados.

3.      Janeiro de 2019: É feita a operação "Os Intocáveis", com 63 mandados de busca e apreensão. O ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, é o principal alvo da operação. A disputa por terras na região é considerada uma possível motivação para o assassinato.

4.      Março de 2019: A Polícia Civil prende o PM Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz na operação "Lume". Ambos são acusados de executar Marielle e Anderson.

5.      Outubro de 2019: A operação "Submersus", da Polícia Civil e do Ministério Público, prende quatro pessoas, incluindo Elaine Lessa, mulher de Ronnie Lessa.

6.      Fevereiro de 2020: Um laudo da Polícia Civil revela inconsistências no depoimento de um porteiro que mencionou Jair Bolsonaro no caso.

7.      Maio de 2020: O Superior Tribunal de Justiça nega a federalização da investigação sobre a morte da vereadora.

8.      Março de 2021: O Ministério Público cria uma força-tarefa focada em identificar os mandantes do assassinato da vereadora.

9.      Junho de 2021: Júlia Emília Mello Lotufo, viúva do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, aceita fazer delação premiada.

10.  Julho de 2021: As promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile deixam a Força-Tarefa do Caso Marielle, alegando risco de interferência externa nas investigações.

11.  Fevereiro de 2022: O delegado Alexandre Herdy assume o caso, se tornando o quinto a comandar a investigação sobre a morte de Marielle Franco.

12.  Fevereiro de 2023: O ministro da Justiça, Flávio Dino, comunica que vai "intensificar" a atuação da Polícia Federal em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro nas apurações do crime.

13.  Julho de 2023: Operação conjunta da PF e do MP do Rio prende o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, após delação premiada de Élcio Queiroz, que o aponta como um dos executores do crime. Na delação, Suel afirma também que dirigia o carro que perseguiu o veículo da vereadora e que quem fez os disparos foi o ex-PM Ronnie Lessa, que também está envolvido no assassinato de Marielle e Anderson.