CPI do MST tem 'barraco' e deputados levam briga ao Conselho de Ética

A confusão começou quando o deputado Éder Mauro (PL-PA) disse as deputadas do PSOL faziam parte de um "chorume comunista"

Foto: Agência Brasil/Lula Marques - 13/06/2023
Arquivo: Vereadora Liana Cirne Lins (PT-PE) já solicitou a suspensão dos deputados ao STF.

Na última sessão da CPI do MST antes dos deputados pararem suas atividades durante o recesso parlamentar uma briga calorosa tomou conta do ambiente legislativo na Câmara. 

O presidente da CPI, Coronel Zucco (Republicanos-RS), afirmou que assinará duas representações contra Sâmia Bomfim (Psol-SP), por ela supostamente não respeitar o tempo reservado para a fala dos outros colegas inscritos. 

"Uma delas será no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e a outra na Corregedoria da Casa", disse Zucco. 

A confusão começou quando o deputado Éder Mauro (PL-PA) disse as deputadas do PSOL faziam parte de um "chorume comunista",  solicitando a retirada dos registros taquigráficos, nos quais ele é acusado de tortura. 

O deputado General Girão (PL-RN) foi o alvo das críticas de Sâmia, que leu uma manchete de jornal ao qual citava abertura de investigação de Moraes, do STF, contra o deputado. Girão pediu a palavra e afirmou que a deputada "se aproveita de ser mulher para silenciar os outros e se vitimizar quando lhe convém".

Salles pediu chegou a dizer que os parlamentares deveriam fazer uma representação conjunta contra Sâmia. "Sempre que essa deputada quer se vitimizar, ela diz que está sendo interrompida. Então, esse momento precisa ser registrado", retrucou Salles.

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados - 29/06/2023
Arquivo: Deputada Sâmia Bomfim (PSOL - SP) entrou com ação na PGR pela fala de Eduardo Bolsonaro

Enquanto ele fazia seu comentário, Sâmia continuou rebatando e argumentando que a mesma postura não foi adotada quando ela também havia sido interrompida durante suas fala nas comissões.

A deputada disse ao portal iG que não é primeira ação de deputados bolsonaristas na tentiva de calar as vozes femininas de esquerda no Congresso e que ela e ouras deputadas também vão representar a oposição no Conselho de Ética. 

"Não me surpreende que eles tentem me enquadrar no Conselho de Ética. Desde o primeiro dia essa CPI tem sido palco de ofensas, de misoginia e de uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais", disse Sâmia Bomfim. 

Outro processo no Conselho de Ética

No dia 14 de junho, o Conselho de Ética da Câmara instaurou processos disciplinares para apurar a conduta de seis deputadas da esquerda: Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Juliana Cardoso (PT-SP).

As representações foram apresentadas pelo PL, partido de Bolsonaro, que acusa as parlamentares de quebra de decoro por terem protestado durante a sessão que aprovou o camado "Marco Temporal", hoje em análise no STF, para demarcações das terras indígenas. 

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, assinou as representações, sob alegação de que as deputadas ofenderam membros da oposição, especialmente Zé Trovão (PL-SC), relator do pedido de urgência, ao gritarem palavras de ordem como “Assassinos do povo indígena!” ainda que com microfone desligado.