Deputado Federal, Vinícius Gurgel
TV Câmara/Reprodução - 09.03.2016
Deputado Federal, Vinícius Gurgel

Após três dias da votação da Reforma Tributária na Câmara, as conversas de um grupo de WhatsApp dos deputados do Partido Liberal (PL) ganharam a mídia. O jornal O Globo teve acesso às mensagens trocadas no último domingo (09), em que os parlamentares se xingam, fazem acusações e ameaçam sair do partido. 

A votação da Reforma fez com que a maior bancada da Câmara — com 99 parlamentares — acabasse tendo alguns votos difusos. 20 votos foram a favor, enquanto 75 foram contra. Isso gerou instabilidade na legenda, que acarretou na briga no grupo.

Após as discussões na tarde de domingo, o líder da sigla, Altineu Côrtes (PL-RJ), bloqueou o envio de mensagens no grupo. Dentre as ofensas proferidas estavam "melancias traidores" — um sinônimo para 'comunista' — e "extremistas". Além disso, um dos deputados chegou a dizer que o partido "tá igual o PSL", fazendo alusão as brigas que o antigo partido de Jair Bolsonaro (PL) sofreu antes de se dissolver e fundir com o DEM.

Estopim

A faísca para a briga generalizada foi a mensagem de Vinícius Gurgel (PL), que chamou de "extremistas" e perseguição, as reclamações aos 20 parlamentares que votaram favoráveis à Reforma nas redes sociais. "Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor!", disse o parlamentar, completando: "Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que vai me eleger!".

Já Julia Zanatta (PL) disse: "Não sei por que tanto choro [...] Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?", atribuindo as reclamações à quem fica "choramingando". 

A possibilidade de uma dupla liderança do partido foi discutida. Carlos Jordy (RJ) reagiu dizendo: "Para mim está muito claro: o PL não vai retroagir, o caminho é consolidar-se como o maior partido conservador, de direita, de oposição no Brasil. E aqueles que não aceitam essa posição devem sair do partido".

Já Júnio Amaral (PL) foi além. Disse que a votação favorável pela Reforma não foi pelo apoio ao texto, afirmando: "Essas tentativas de justificar o voto aqui no grupo da bancada fica parecendo que nós, bolsonaristas, somos otários para acreditar que se trata de um posicionamento verdadeiro a favor do texto, me ajuda aí. Como se ninguém soubesse como funciona". A fala foi rebatida por Gurgel, falando para que então pedisse a "expulsão" do partido.

Uma tentativa de apaziguar foi feita pelo ex-ministro da Saúde, General Pazuello. Ele escreveu: "Está faltando política nestas discussões!! Srs, considerando que sou um calouro nesta legislatura, peço desculpas caso escorregue em algumas ideias. O nome do nosso partido é Partido Liberal, só pelo nome não cabe radicalismo e acusações!". A tentativa foi em vão.

Gurgel disse que o partido está parecendo um "casamento forçado" e lamentou a chegada dos deputados à legenda. "Tristeza vcs terem vindo pro PL". A afirmação foi rebatida por André Fernandes (PL), que questionou de quem Gurgel estava se tratando, que respondeu: "Vc, amigo, é um deles, pede expulsão, não respeita! Preferia vc em outro partido". Fernandes retrucou dizendo que não são "amigos".


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