A Polícia Federal apura se Luciano Cavalcante, ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), emprestou um carro para um casal de operadores de um esquema de desvio de verba de equipamento de robótica em Alagoas. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a publicação, Cavalcanti teria liberado uma caminhonete Toyota Hilux de um colega para Pedro Magno Salomão Dias e Juliana Cristina Batista Salomão Dias, ambos responsáveis pela distribuição de dinheiro vivo aos participantes do esquema de corrupção. O veículo seria do policial civil Murilo Sergio Nogueira Junior, que também é investigado no esquema.
A suspeita da PF é que o casal de operadores ficou com o veículo por cinco dias, em janeiro deste ano. Ao final da viagem, o casal deixou o veículo na casa de Luciano Cavalcante.
Os investigadores registraram uma foto do ex-assessor de Lira com o veículo em sua garagem. A polícia ainda acredita que o veículo teria sido usado por Glaucia Cavalcante, esposa de Luciano.
Operadores em Maceió
Segundo a PF, o casal chegou à capital alagoana em 26 de janeiro. Eles teriam ido à três agências bancárias e sacado cerca de R$ 115 mil.
Em seguida, Pedro Magno se dirigiu a um prédio empresarial com uma bolsa e deixou o local sem o equipamento. A PF ainda investiga para quem os valores foram destinados. Nos demais dias, o casal aproveitou para visitar pontos turísticos de Maceió.
A defesa do casal nega a participação deles nos crimes e se colocou à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. Já o advogado de Luciano Cavalcante disse que a investigação ainda não apontou provas da participação do ex-assessor de Lira no esquema.
O caso
A Operação Hefesto foi deflagrada na última quinta-feira (1º) pela Polícia Federal. Durante a ação, os agentes cumpriram mandados em endereços de pessoas ligadas a Arthur Lira.
A operação realizada em quatro estados e no Distrito Federal, mirava um grupo suspeito de desviar R$ 8 milhões em uma fraude praticada entre 2019 e 2022. Segundo a Polícia Federal, os equipamentos foram comprados para 43 municípios no estado do Alagoas com verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A PF iniciou a apuração da possível fraude após uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo informar que a empresa Megalic, de Maceió, chegou a cobrar cerca de R$ 14 mil por kit as prefeituras do estado do Alagoas. No entanto, a empresa teria adquirido os kits por um valor muito menor (R$ 2.700) de um fornecedor no interior do estado de São Paulo.
Após isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou ao governo federal a suspensão dos repasses e dos contratos com a empresa para a compra dos objetos.
A operação culminou na exoneração de Luciano Cavalcante, que atuava na Liderança do Progressistas na Câmara dos Deputados. Ele assessorou Lira quando o deputado atuava como líder da legenda.
Cavalcante ainda teve sua esposa e um irmão como indicados por Arthur Lira na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O ex-assessor ainda ajudou o parlamentar na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados.