Juiz da Lava Jato explica senha LUL22: "Protesto contra prisão ilegal"

Eduardo Appio afirmou que a manifestação foi isolada e pessoal

Eduardo Appio, novo juiz da Lava Jato, explica senha do passado
Foto: Reprodução/Globonews
Eduardo Appio, novo juiz da Lava Jato, explica senha do passado


O novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, confirmou nesta segunda-feira (22) que usou a sigla LUL22 na identificação eletrônica no sistema processual da Justiça. Em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, ele relatou que era um protesto individual contra a prisão ilegal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Alguns anos atrás, quando o presidente Lula ainda estava preso, a minha sigla de acesso ao sistema da Justiça Federal era 'LUL22'. Na época eu trabalhava com matéria previdenciária e esse foi um protesto isolado, individual, contra uma prisão que eu reputava ilegal. E depois, de fato, o STF [Supremo Tribunal Federal] considerou a prisão ilegal", explicou.

Eduardo Appio disse que o protesto foi isolado e individual, porém, relatou que não se considera um petista. “Acho que o atual presidente Lula é uma figura histórica muito importante para o país. Erros e acertos [de Lula] vão ser julgados pela Justiça", completou.

O presidente da República foi condenado pela Operação Lava Jato em segunda instância em 2018. Em abril daquele ano, se entregou à Polícia Federal e ficou preso na sede do órgão em Curitiba (PR).

Por conta da prisão, Lula foi impedido de concorrer à eleição de 2018, que resultou na vitória de Jair Bolsonaro. Em janeiro de 2019, Sergio Moro, juiz que condenou o petista na primeira instância, tornou-se ministro da Justiça, o que aumentou o coro do Partido dos Trabalhadores de que o processo foi irregular e tinha como objetivo retirar o ex-presidente da disputa eleitoral, já que o metalúrgico liderava as pesquisas de intenções de votos.

Em junho de 2019, o site The Intercept revelou conversas entre Moro e procuradores – Deltan Dallagnol fazia parte do grupo – no aplicativo Telegram em que indicavam o ex-juiz cedendo informações privilegiadas à acusação e auxiliando o Ministério Público Federal em diversos pontos.

O caso ganhou enorme repercussão e Moro entrou na mira da Justiça. Lula saiu da cadeia após o fim da prisão em segunda instância. Além disso, os processos da Lava Jato contra o petista foram anulados e o ex-juiz foi considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal.

Novo juiz da Lava Jato não teme retaliações

Appio admitiu que será muito criticado e sofrerá ataques, mas que não se preocupa com o assunto. Ele relatou que sua atuação no trabalho sempre seguiu a Constituição Federal.

“Eu não acredito que nenhum ataque desleal, a essa altura do campeonato, seja de onde vier, vá produzir algum efeito concreto. A minha carreira acadêmica profissional toda foi marcada pela defesa das garantias constitucionais, Constituições e, acima de tudo, pela prudente avaliação que os juízes devem fazer nessas ações de grande impacto”, concluiu.


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