Atos golpistas: General Dutra diz que Lula mandou prender 'todo mundo'

Ex-chefe do Comando Militar do Planalto relatou que presidente estava bastante irritado em ligação e que teve de fazer alerta sobre "noite de sangue"

General Dutra, ex-comandante militar do Planalto
Foto: Reprodução/TV Câmara Distrital
General Dutra, ex-comandante militar do Planalto

O General Dutra, que estava à frente do Comando Militar do Planalto (CMP) durante os  atos golpistas que tiveram como alvo a Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, detalhou a conversa que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na ocasião. 

O relato foi feito pelo militar durante um depoimento prestado no âmbito da CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal. De acordo com Dutra, o chefe do Executivo ordenou a prisão imediata de todas as pessoas que estavam participando das manifestações que atentaram contra a democracia. 

Ele afirmou que a sua conversa com Lula aconteceu após um encontro com Ricardo Capelli, então interventor da Segurança do DF, e que o chefe do Executivo entrou em cena ao longo de uma ligação com Golçalves Dias, ex-ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança institucional). O presidente estava junto com Golçalves.


O general disse que conversou com Lula após Dias afirmar que o presidente estava muito irritado com a situação e passar o telefone para o petista, que foi muito enfático em dar uma ordem. 

“Ele falou: ‘General, são criminosos, têm que ser presos’. Eu disse 'presidente, ninguém tem dúvida disso, estamos todos indignados, serão presos. Mas, até agora, nós só estamos lamentando dano ao patrimônio. Se nós entrarmos agora, sem planejamento, podemos terminar essa noite com sangue", pontuou Dutra durante o depoimento. 

"O presidente Lula, eu tenho uma admiração pela inteligência emocional dele, ele na mesma hora falou que seria uma tragédia, e falou: 'isola a praça para isolar a praça [dos cristais] e prende todo mundo amanhã'", complementou o militar. 

Após agradecer o presidente pela sua compreensão, o ex-chefe do CMP disse que foi perguntado se ele estaria junto com José Múcio, ministro da Defesa. Ao ter uma resposta negativa sobre o questionamento, o chefe do Executivo teria respondido que ele "deveria estar". 

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