Joias apreendidas pela Receita Federal
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Joias apreendidas pela Receita Federal

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, enviou um ofício pronto para que o chefe de Documentação Histórica da Presidência da República, Marcelo Vieira, assinasse. A reportagem obteve acesso a um e-mail enviado pelo advogado de Vieira, Eduardo Kuntz, que mostra a conversa entre os dois.

No ofício, Cid informa que os bens “presenteados ao Estado brasileiro se justificam pelas relações diplomáticas bilaterais”. Vieira, porém, recusou e afirmou que o teor do documento impossibilitava sua assinatura.

“Sem dúvidas, isto é com a secretaria de administração, por ser destinado ao estado brasileiro”, disse Marcelo Vieira.

Vieira foi alvo de um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal nesta sexta-feira (12). Segundo a defesa, apenas o celular do ex-chefe de Documentação Histórica foi levado pelos investigadores.

O advogado Eduardo Kuntz, entretanto, rebate a operação e disse ter ficado surpreso com a ação da PF. Ele informou ter enviado um e-mail à Polícia Federal com os prints da troca de mensagens entre Marcelo Vieira e Mauro Cid.

"Estou surpreso com a invasão dos direitos de Vieira depois que ele prestou um depoimento de seis horas e foi colaborativo", diz Kuntz.

"Ele mostrou o celular para os policiais que o interrogaram, e, não satisfeitos, tiramos print e entregamos aos investigadores", compela o advogado. 

Kuntz ainda confirmou uma ligação entre Mauro Cid e Marcelo Vieira, em que o ex-chefe de Documentação Histórica explicou os motivos de não poder assinar o documento. A conversa foi ouvida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Print da conversa entre Mauro Cid e Marcelo Vieira
Reprodução
Print da conversa entre Mauro Cid e Marcelo Vieira


Operação da PF

Marcelo Vieira foi alvo da Polícia Federal para a apreensão do celular, em sua casa no Rio de Janeiro. Vieira era responsável por receber presentes destinados a presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Marcelo prestou depoimento a PF no mês passado e confirmou ter recebido um ofício de Cid e Bolsonaro para a liberação das joias árabes. Ele negou ter assinado o documento e afirmou não ter envolvimento com a liberação das joias.

Joias árabes

O primeiro pacote de joias árabes foi apreendido pela Receita Federal ainda em 2021 com um assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. O estojo, avaliado em R$ 16,5 milhões, seria destinado à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Albuquerque tentou pressionar a liberação dos bens no mesmo dia, mas recorreu a Bolsonaro após não obter sucesso. A Polícia Federal investiga se o ex-presidente participou de uma operação para o resgate das joias e na tentativa de incorporar os bens em seu acervo pessoal.

Relembre o caso

Segundo uma reportagem de "O Estado de S. Paulo", Jair Bolsonaro teria recebido ao menos três pacotes de presentes da Arábia Saudita. Os bens teriam sido entregues em viagens ao Oriente Médio entre 2019 e 2021.

Além do primeiro estojo, Bolsonaro recebeu outro pacote em mãos do governo da Arábia Saudita e foi incorporado em seu acervo pessoal. O estojo com relógios, peças para paletós e outros artigos masculinos tem valor estimado em R$ 400 mil.

Um terceiro pacote, avaliado em R$ 500 mil, foi recebido pelo ex-presidente durante uma viagem para a Arábia Saudita em 2019. A caixa contém um relógio Rolex, uma caneta Chopard, abotoaduras, anel e uma espécie de rosário árabe. 

Após receber as joias, Bolsonaro chegou a pedir que esses itens fossem armazenados em uma caixa de madeira clara, com o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita e que fossem guardados no acervo privado da Presidência.

A defesa do ex-presidente devolveu as peças após uma determinação do TCU. Os bens estão em um cofre de uma agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília.

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