O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), impôs uma derrota aos bolsonaristas e reduziu uma vaga da oposição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos. Com a decisão, PL e Novo terão direito a dois representantes do Senado na comissão.
No dia da leitura do requerimento da comissão, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), fez uma manobra para aumentar o número de cadeiras pró-Planalto na comissão. Ele compunha um bloco junto ao MDB e União Brasil, que tinha o maior número de representantes, mas passou para o bloco do PT/PSB.
A alteração provocou o aumento de cadeiras do governo na CPMI e reduziu a quantidade de representantes do PL. O líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), criticou a manobra e pediu para que Pacheco deixasse uma terceira cadeira para o PL, mas não foi atendido.
Com isso, o blocão formado por MDB e UB contará com seis parlamentares, mesmo número do PT/PSB/Rede, que antes tinham direito a cinco cadeiras. Já o PL terá direito a duas, uma a menos que o previsto.
Composição da CPMI
Entre os representantes da Câmara dos Deputados, o blocão de Arthur Lira (Progressistas-AL) terá o maior número de participantes. O bloco composto por União Brasil, Progressistas, Cidadania, PSB, Avante, Solidariedade, PDT e PSDB terá cinco deputados na CPMI. Dois já estão confirmados: Arthur Maia (União Brasil-BA) e André Fufuca (Progressistas-MA). Maia é cotado para assumir a presidência da comissão.
Já o bloco com MDB, PSC, PSD, Podemos e Republicanos terá direito a quatro deputados. PT, PCdoB e Rede contarão com dois deputados e a federação Rede/PSOL com um deputado. O PL, maior partido na Casa, terá direito a três representantes.
No Senado, a composição será de maioria aliada do Planalto. O bloco Democracia (MDB, PSDB, Podemos, Rede, União Brasil e PDT) contarão com seis senadores na comissão, enquanto Resistência Democrática (PT, PSB e PSD) terão cinco representantes.
O bloco Vanguarda, formado por PL e Novo, terão dois senadores na CPMI e o Aliança (Progressistas e Republicanos) outros dois parlamentares.
O Planalto acredita que a composição possa dar 20 dos 32 votos favoráveis à Lula.
Presidência e relatoria
Após a criação da comissão, partidos e blocos parlamentares começam a se movimentar para indicar nomes para a presidência e relatoria da comissão parlamentar. O governo pretendia ter os dois cargos, mas deve ficar com apenas a relatoria.
Há um acordo discutido nos bastidores para que a Câmara dos Deputados fique com a presidência da CPMI e o Senado tenha a relatoria.
Para o comando da comissão, André Fufuca e Arthur Maia eram os favoritos. Entretanto, Fufuca desistiu da presidência e deixou o caminho pavimentado para Maia. Ambos são aliados de Arthur Lira, que quer um comando de centro, sem tomar partido do Planalto ou da oposição.
Já o Planalto deve indicar Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria da comissão. Calheiros foi o responsável pela relatoria da CPI da Covid e é visto como um membro da tropa de choque de Lula.
A preocupação é que a briga entre o senador e Lira impacte no relatório da CPMI. Uma segunda alternativa seria Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a comissão da Covid. Na visão da ala política de Lula, Aziz teria o mesmo efeito de Renan Calheiros e poderia controlar as ações da comissão.