Aliado de Bolsonaro e Cid discutiram golpe de estado, diz TV

PF extraiu mensagens que apontam Ailton Barros como articulador da ação com ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

Ailton Barros ao lado de Bolsonaro
Foto: Reprodução
Ailton Barros ao lado de Bolsonaro

O militar e candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro, Aílton Barros, teria articulado com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, uma tentativa de golpe de estado. A informação é da jornalista Daniela Lima, da CNN.

Segundo a jornalista, Cid e Barros trocaram mensagens por aplicativo sobre a atuação de militares na operação. Ambos trataram da possibilidade de acionar Bolsonaro para assinar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que impediria a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A primeira troca de mensagens aconteceu no dia 15 de dezembro. Aílton afirma que ser necessário pressionar o general Marco Antônio Freire Gomes para aderir à mobilização.

Ele ainda teria dito a Cid que seria necessário um pronunciamento de Freire Gomes para garantir que o golpe fique “nas quatro linhas da constituição”.

“Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”, afirmou Aílton.

“Pô (sic), não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”, completa.

Aílton ainda teria ameaçado a agir fora da constituição para garantir a manutenção de Bolsonaro na presidência.

“Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, afirmou Aílton.

Ele ainda disse que Bolsonaro deveria divulgar as portarias e decretos no dia 19 de dezembro. O militar ainda pede ação de Jair Bolsonaro e das Forças Armadas para garantir a operação.

As defesas de Bolsonaro, Cid e Ailton Barros não se pronunciaram até o momento. 

Operação da PF

Aílton Barros teve o celular apreendido em uma operação da Polícia Federal contra fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro, familiares e seus assessores. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão e de prisão.

Além das tratativas de golpe, a PF encontrou mensagens com Mauro Cid em que Aílton diz saber quem é o mandante do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ambos foram mortos em 2018 e há suspeitas da investigação de que o mandante seria Marcello Siciliano, ex-vereador do Rio, que também foi alvo dos policiais na operação de quarta-feira (3).

Ao todo, 16 mandados de busca e seis de prisão foram cumpridos. Um dos alvos é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve seu celular apreendido. Bolsonaro se negou a prestar depoimento e disse que conversaria com os investigadores após ter acesso aos autos do processo.

Mauro Cid também foi preso na operação. Ele prestou depoimento à PF, mas permaneceu calado durante o interrogatório. A esposa de Cid e outros seguranças de Bolsonaro também são alvos da investigação.