O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, na tarde desta segunda-feira (30) no Palácio do Planalto para debater a relação entre os dois países. No encontro, os líderes debateram a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordos comerciais e a preservação da Amazônia.
No primeiro encontro com o presidente brasileiro, Scholz anunciou a retomada de investimentos ao Fundo Amazônia, que promete a preservação da floresta. Em primeiro momento, o país doará € 200 milhões Ele ainda ressaltou a importância do cuidado com as questões climáticas e pediu ação para coibir o desmatamento da região Amazônica.
“Temos assuntos estreitos, como mudança climática, manutenção da Floresta Amazônia e avanços da União Europeia e Mercosul. Queremos aumentar as parcerias ainda mais no futuro. No Brasil cabe o papel fundamental a preservação da Floresta Amazônica. É uma boa notícia para o Planeta que o presidente Lula esteja empenhado na luta da mudança climática”, disse.
“Quanto a ajuda ao desenvolvimento, esperamos avançar na proteção climática. Não cabe a nós dizer como Brasil deve agir, mas queremos ajudar o país atingir metas climáticas”, completou.
Ao ser questionado por jornalistas sobre o trabalho do governo para coibir o garimpo ilegal, Lula afirmou que as medidas já estão sendo tomadas e culpou o governo Bolsonaro pela crise humanitária.
“O estado brasileiro quando toma uma decisão, ela acontece. Já tiramos garimpeiros outras vezes. Vamos tomar todas as atitudes para acabar com o garimpo ilegal e tratar o Yanomami com respeito. Tivemos um governo que poderia ser tratado como um governo genocida, está cheio de discurso dele nesse sentido”, disse, em crítica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Pode demorar um pouco, mas que nós vamos tirar, nós vamos”, afirmou.
Guerra da Ucrânia
Lula e Scholz ainda conversaram sobre os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia e as ajudas europeias ao presidente ucraniano, Volodymir Zelensky. O petista criticou a guerra e disse que não irá fornecer armas e munições brasileiras. Na visão de Lula, o fornecimento do material armamentista influencia no desenvolvimento da guerra.
“Não vamos doar munições. Essa guerra precisa acabar. É necessário sentar e negociar com os dois presidentes”, disse Lula.
“Importante para mim é enfatizar que não é uma questão europeia, mas o avanço das leis internacionais. Ninguém pode ultrapassar fronteiras de forma violenta. A soberania dos Estados é inviolável”, disse Olaf Scholz.
Lula ainda cobrou uma ação de Xi Jinping para segurar o avanço da Rússia no território ucraniano. O petista tem um encontro o líder chinês em março e pretende abordar o assunto.
O presidente brasileiro ainda pediu o voto da Alemanha para aumentar as chances do Brasil de participar do Conselho de Segurança da ONU. Ele ainda defendeu a criação de um órgão para debater o conflito.
“Queremos que Conselho de Segurança da ONU tenha mais força. Quando a ONU estiver mais forte, vamos evitar mais guerras. Falta negociação. Espero que até terminar o meu mandato, possamos estar no Conselho de Segurança da ONU”, declarou Lula.
“Nós temos que criar um novo organismo [...] para discutir o conflito Rússia-Ucrânia”, afirmou o petista.
Segundo ele, a organização deve seguir as formas do antigo G8, que tinha como objetivo debater assuntos sobre a estabilidade econômica mundial.
Acordo Mercosul e OCDE
Em encontro com o chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) citou a entrada do Brasil e o fortalecimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"Primeiro, o Brasil é um país que tem vocação de participar de organizações multilaterais. O Brasil tem interesse em participar da OCDE, mas queremos saber qual será o papel do Brasil na organização. Nós temos que discutir", afirmou o presidente.
"Estamos dispostos a discutir outra vez e saber quais são as condições de uma entrada de um país do tamanho do Brasil na OCDE", continuou.
Lula ainda garantiu que está próximo de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Ele pediu para que os dois blocos conversem e cedam para viabilizar a proposta.
“Eu queria dizer que quando eu era presidente entre 2007 e 2010, nós quase chegamos a concluir esse acordo. A divergência de um lado era do Brasil e Argentina que não queriam a limitação para reindustrialização e a segunda coisa era que os franceses fossem mais flexíveis em negociações”, afirmou.
“Estive nesta semana com o presidente da Argentina e vamos trabalhar de forma dura para concretizar esse acordo. Alguma coisa deverá mudar, vamos mostrar para o lado europeu que somos flexíveis e queremos ver o mesmo dos europeus”, ressaltou o petista.