Flavio Dino afirma que houve 'aparelhamento das instituições'

Senador diz que não se pode usar a "função pública, a farda e o armamento para militar a favor de uma posição ideológica"

Flávio Dino
Foto: MARCOS CORRÊA/PR
Flávio Dino

Nesta terça-feira (1º), o  senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) afirmou em uma entrevista que acredita que houve o "aparelhamento das instituições para fins partidários" nas eleições de 2022 .  De acordo com Dino, não se pode usar a "função pública, a farda e o armamento para militar a favor de uma posição ideológica" .

Dino defendeu o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ) e afirmou que o petista "teve uma atitude de muito respeito com as Forças Armadas e com a Polícia Federal"  durante seus dois mandatos anteriores. "Quando você olha o retrospecto, ele já indicava essa busca de colaboração", disse.

"Agora, o desafio é maior, é preciso [trazer] essas corporações, sobretudo o sistema de Justiça e Segurança Pública, para a legalidade. Não é trazer para a esquerda. Não é trocar um aparelhamento pelo outro. É colocá-lo a serviço de uma visão republicana, de fato, democrática", pontuou.

Ele ainda citou atuação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nas operações realizadas durante o segundo turno e no bloqueio de estradas feito por caminhoneiros e apoiadores do chefe do Executivo após o resultado.

"Se você olhar a quantidade de operações que a PRF fez ao longo de 2022 inteiro, vai identificar que ontem [no 2º turno] houve comportamento fora do padrão. Em relação a esse episódio dos caminhoneiros, temos crimes sendo perpetrados em flagrante, e a PRF está, em muitos casos, apenas acompanhando."

De acordo com o político, o presidente está agindo "de modo oportunista" e está estimulando as "arruaças" nas rodovias ao manter o silêncio sobre a vitória de Lula. "Mais uma vez, Bolsonaro agride o Estado democrático de Direito" , afirmou.

Dino diz que não manifestação de Bolsonaro sobre os resultados é "grave" , porém "coerente com uma pessoa que tem muita intolerância com as boas práticas democráticas" . Em sua avaliação as manifestações são isoladas, no entanto, "não significa que não sejam graves".

"Não cabe ao presidente eleito tomar qualquer providência. Cabe ao atual governo aplicar a lei. Vemos internamente e internacionalmente o reconhecimento quanto à legitimidade da eleição. Os bloqueios das rodovias são lamentáveis, mas não parecem sinalizar risco de golpe de Estado, ou seja, de nenhuma virada de mesa no Brasil nesse momento."

Segundo o senador, a "ideologização de instituições"  não atinge somente as forças policiais. “Vimos isso também no Judiciário e no Ministério Público. É preciso que a gente vá com calma conversar com essas corporações, porque a imensa maioria dos que a integram também não concorda com essa ideologização” , disse.

"Uma coisa é a posição pessoal de cada cidadão ou cidadã, que deve ser sempre protegida. Agora, ele não pode usar a sua função pública, a farda e o armamento para militar a favor de uma posição ideológica."

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