A vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais neste domingo (30) provocou a primeira derrota política do presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua carreira e interrompe uma trajetória de 33 anos na política. Bolsonaro obteve 57 milhões de votos (49,1%), enquanto o petista teve mais de 59 milhões de votos (50,8%).
Bolsonaro concorreu a um cargo político pela primeira vez em 1988, na época com 33 anos. Ele foi eleito vereador do Rio de Janeiro, mas não ocupou a cadeira por muito tempo.
Dois anos mais tarde, se candidatou a deputado federal, sendo eleito com pouco mais de 67 mil votos. Foi a primeira, de seis vitórias consecutivas para a Câmara dos Deputados. Entre oscilações com o passar das eleições, Bolsonaro teve seu melhor desempenho em 2014, quando obteve 464 mil votos dos cariocas.
Os mandatos de Bolsonaro na Câmara foram protagonizados por críticas aos mandatos do PT e brigas com parlamentares. Também foi destaque as falas polêmicas, como a declaração a uma deputada federal de que ela é feia e que “não merecia ser estuprada”. Bolsonaro também fez referências ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de torturar militantes de esquerda na Ditadura Militar, durante seu voto no processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).
As declarações polêmicas e a participação de programas de humor deram maior protagonismo ao então deputado federal, que se lançou candidato à presidência da República em 2018. Bolsonaro aprovou a onda da Lava Jato para se colocar como o candidato contra a corrupção no país.
Mesmo com 17 segundos de propaganda partidária de rádio e TV e maior exposição após o atentado que sofreu em Minas Gerais, Jair Bolsonaro foi eleito presidente e governará o país até 31 de dezembro deste ano.
Com a derrota e a interrupção de sua trajetória política, Bolsonaro buscará em seus apadrinhados a oportunidade de se fortalecer politicamente. Além de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), o presidente deverá contar com Jorginho Mello (PL-SC) e Cláudio Castro (PL-RJ) para se manter no cenário político. Apesar da grande quantidade apoiadores eleitos para os governos estaduais, Bolsonaro tentará se manter mais próximo dos maiores colégios eleitorais do país.
Além dos governadores, Jair Bolsonaro deve contar com sua tropa mais fiel no Congresso Nacional para manter o bolsonarismo na ativa nas discussões políticas do país. Os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP) e Ricardo Salles (PL-SP), além dos senadores Sérgio Moro (União Brasil-PR), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Magno Malta (PL-ES) devem ser os principais nomes de Bolsonaro na Câmara dos Deputado e no Senado pelos próximos quatro anos.