Simone Tebet foi uma das mais atuantes nas críticas ao atual governo
Reprodução/TV Band - 28.08.2022
Simone Tebet foi uma das mais atuantes nas críticas ao atual governo

Após se destacar pela defesa das mulheres no debate dos presidenciáveis no domingo passado, a campanha de Simone Tebet (MDB) decidiu dobrar a aposta na pauta feminina para tentar alavancar a candidata — que até agora não passou dos 3% das intenções de voto nas pesquisas.

O discurso em defesa da igualdade de gênero, com propostas específicas, passaram a ser repetidos diariamente nos eventos em que a emebista participou nesta semana, ganhando o mesmo status de prioridade que o combate à fome, eleito inicialmente como bandeira eleitoral da emedebista.

Na terça-feira, por exemplo, Tebet afirmou que uma das suas prioridades, se eleita, é garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres, um projeto que já defendeu com a bancada feminina do Senado, mas agora virou promessa de campanha:

"Meu maior projeto, se eleita, é garantir igualdade salarial entre homens e mulheres. As mulheres ganham até 20% menos", comentou em compromisso em Taubaté, no interior de São Paulo, na terça-feira.

Não foi a primeira menção ao tema. Ela já havia citado o mesmo o projeto em entrevista a um canal de TV na segunda. Nos compromissos públicos, a emedebista tem comentado sobre a falta de participação da mulher nos espaços de poder.

Em evento na quarta-feira, com observadores do Mercosul, voltou ao assunto ao afirmar que a participação das mulheres no Legislativo ainda é baixa – 15% na Câmara dos Deputados – e que deveria chegar a pelo menos 30%, ainda que não seja um número ideal.

A estratégia de se colocar como defensora da pauta feminina na campanha presidencial ganhou tração após Tebet sair em defesa de jornalista Vera Magalhães, colunista do GLOBO, após ela ser insultada pelo presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Tebet questionou o presidente sobre sua postura em relação às mulheres:

"O candidato Bolsonaro, como deputado, defendeu um assassino de mulheres. Defendeu um torturador de mulheres, assim mesmo, no plural. Votou contra os direitos das empregadas domésticas, votou contra o contrato de trabalho e direitos trabalhistas das mulheres. Ameaça jornalistas, comete misoginia, agride as mulheres brasileiras. (…) Candidato Bolsonaro, por que tanta raiva das mulheres?"

Na hora, o presidente respondeu que ela o acusava "sem provas" e de "forma barata como se eu não gostasse de mulheres". Mas a postura combativa de Tebet agradou a parte do público feminino. Em Taubaté, foi abordada por eleitoras, que elogiaram sua participação no debate:

"Lavei a alma das mulheres, né?

Desde que confrontou Bolsonaro, contudo, Tebet vem sendo alvo de ataques nas redes sociais por parte de apoiadores do presidente. Nesta semana, após sua campanha apontar que uma peça publicitária de Bolsonaro com a participação da primeira-dama, Michelle, infringe a lei eleitoral, bolsonaristas passaram a usar o caso para criticá-la.

Apesar de ser uma questão técnica, bolsonaristas usaram o movimento para questionar a defesa de pautas femininas por parte da emedebista, por considerarem que a ação foi um ataque à primeira-dama.

Mais projeção após o debate

Na campanha, Tebet já reforça sempre que possível o fato de ser mulher, mãe e professora, e que essas características fazem com que ela tenha um olhar mais direcionado para problemas do país, sobretudo a fome e os gargalos da educação. Esse movimento, segundo integrantes de sua equipe, será intensificado.

A avaliação é que ao ser apontada como protagonista do debate, Tebet ganhou mais projeção e dominou parte da cobertura sobre a disputa presidencial, o que foi considerado um “bom passo” da emedebista para a consolidação da candidatura, na avaliação de integrantes da campanha.

No entanto, segundo o entorno da senadora, ainda é prematuro afirmar que isso será suficiente para converter votos. Por isso, a campanha vai reforçar a apresentação da candidata e seus valores nesse momento e deixar para adiante o detalhamento das propostas.

Foco nas mulheres

Tebet é frequentemente questionada se é "feminista", ao que costuma responder que acredita que ser feminista é defender o direito das mulheres, uma bandeira que não é nem da esquerda, nem da direita. Além disso, usa a seu favor o fato de formar uma chapa 100% feminina, com Mara Gabrilli (PSDB) como vice.

O plano de governo da dupla traz propostas voltadas exclusivamente às mulheres. Uma delas é incentivar políticas de igualdade salarial entre homens e mulheres, a exemplo de um projeto de lei defendido pela bancada feminina do Senado, que empacou no Legislativo.

O projeto, que pune com multa as empresas que pagam salários diferentes para homens e mulheres na mesma função, foi aprovado na Câmara e Senado no ano passado. Mas, sob risco de veto pelo presidente Jair Bolsonaro, que dizia que a proposta poderia impossibilitar o emprego de mulheres, os parlamentares alegaram uma questão técnica para que o texto voltasse ao Congresso.

A candidata tem outros compromissos com as mulheres. Ela defende, por exemplo, a nomeação de um ministério composto pelo mesmo número de mulheres e homens, e que vai garantir também a presença de negros no primeiro escalão. Ela ainda traz propostas para priorizar as mulheres em ações como a liberação de microcrédito e em programas de habitação popular para famílias de baixa renda.

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