No primeiro dia de propaganda eleitoral dos candidatos à Presidência, o líder nas pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou a volta da fome no país e apostou no discurso de que, em suas gestões, o poder aquisitivo dos brasileiros era maior. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a prometer a continuidade do Auxílio Brasil de R$ 600 após as eleições e ainda culpou o isolamento social na pandemia da Covid-19 pela piora na economia.

"Antigamente podia andar de avião, fazer um churrasquinho, uma festa, comprar um carrinho", diz a peça publicitária de Lula, em referência ao período em que o petista esteve à frente do Palácio do Planalto.

A propaganda, que marca a estreia do petista no horário eleitoral, começa com Maria Bethânia cantando uma música que fala em "fé e Deus" e "menos ódio e mais amor", este último mote da campanha de Lula. Em seguida, o ex-presidente critica a volta da fome no Brasil e o sofrimento das famílias com o encarecimento dos alimentos, dizendo que o salário mínimo "mal dá" para comprar a cesta básica:

"Como é que esse país tão rico retrocedeu tanto? Como pode um governante não se importar com o sofrimento de tanta gente?", diz o petista, que em nenhum momento cita o nome de Bolsonaro. Em outros momentos, a peça publicitária pinça a ideia de que, "nos tempos de Lula", o país estava melhor. "Quando a gente ia imaginar o litro do leite mais caro do que a gasolina? Isso porque a gasolina está pela hora da morte. Mas também, sem aumento de salário mínimo, com os preços batendo no teto, não dá nem para ter carro para abastecer".

O candidato a vice de Lula, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), também participa do programa de governo. Ele ressalta que, apesar das divergências com o ex-adversário histórico, o desejo de reconstruir o Brasil e melhorar a vida dos brasileiros os une, em retórica que já vinha sendo adotada pelos dois desde o início do anúncio da chapa.

'Sotaque nordestino'

Em segundo lugar nas pesquisas, Bolsonaro usou o programa eleitoral para firmar o compromisso de manter o Auxílio Brasil no valor de R$ 600 no próximo ano. A política de transferência de renda está prevista para terminar em dezembro, o que é alvo de críticas por parte dos demais candidatos.

"Conversei com o Paulo Guedes e esse valor será mantido a partir do ano que vem", diz o presidente.

Com um narrador com sotaque nordestino — aceno ao eleitorado que, hoje, vota predominantemente em Lula —, o presidente da República defendeu o Auxílio Brasil, dizendo que o Bolsa Família, marca dos governos petistas, pagava menos do que o atual programa. O mandatário ainda voltou a culpar o isolamento social pela piora na economia.

"Temos enfrentado uma pandemia, uma guerra que não acabou ainda. Em 2020, onde muitos obrigaram todos a ficarem em casa, eu falei: vamos combater o vírus e também fazer com que a nossa economia não seja destruída", diz o presidente, em áudio retirado da convenção do PL no Maracanãzinho, no Rio.

Economia e fome

Outros candidatos à Presidência tiveram a pauta econômica e a fome como temas centrais de suas propagandas eleitorais.

O candidato do PDT, Ciro Gomes, usou o tempo curto para reforçar promessas de governo: prometeu tirar o nome dos brasileiros do SPC e do Serasa, criar um programa de renda mínima de R$ 1 mil aos mais pobres e tirar do papel a Lei Antiganância, que proíbe bancos de cobrarem mais de duas vezes o valor de um empréstimo ou da dívida com cartão e cheque especial.

"Vamos ter renda mínima, gerar cinco milhões de empregos e garantir uma educação pública entre as dez maiores do mundo", diz o pedetista, que figura em terceiro lugar nas pesquisas.

A emedebista Simone Tebet (MDB), ainda desconhecida da maior parte da população, usou o tempo no rádio para se apresentar ao eleitorado brasileiro. Ela narrou sua trajetória na política como deputada, prefeita, vice-governadora e senadora, e ainda citou os impasses dentro do partido para viabilizar a sua candidatura.

"Superamos vários políticos importantes e agora é oficial: sou candidata à Presidência da República", diz a senadora, que é acompanhada pelo jingle "eles não, ela sim", em contraposição a Lula e Bolsonaro.

Também desconhecida, candidata Soraya Thronicke (União Brasil) contou sua história de vida e criticou a polarização e a fome no país:

"Não dá mais para conviver entre o medo e o ódio. Não dá mais para conviver com desigualdades e injustiças. Também não dá mais para voltar aos erros do passado e errar de novo", disse a senadora, que ainda completa. "Eu não admito chamar fome de insegurança alimentar. Quando a barriga da gente ronca, o que a gente sente é fome. E fome dói".

O candidato do Novo, Luiz Felipe d'Avila, também abordou a polarização:

"Nessas eleições você vai ouvir promessas de gente que transformou o Brasil nesse caos. De gente que destrói o nosso orgulho de ser brasileiro. Chega de escolher sempre o menos pior".

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