Ministros da Educação do governo Bolsonaro: Milton Ribeiro, Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli
Montagem iG - Agência Brasil: Valter Campanato / Marcelo Camargo / Marcello Casal Jr
Ministros da Educação do governo Bolsonaro: Milton Ribeiro, Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli

Questionado sobre corrupção durante seu governo durante a entrevista no Jornal Nacional, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que algumas pessoas não "levam jeito".

"Muitas vezes depois que a pessoa chega a gente vê que ela não leva jeito para aquilo", disse Bolsonaro.

O atual ministro da Educação é Victor Godoy, que substituiu Milton Ribeiro, que pediu demissão ao se ver envolvido em um escândalo no MEC.

Milton Ribeiro anunciou a saída da chefia do Ministério da Educação (MEC) após suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas da pasta. Com isso, ele se tornou o quarto ministro anunciado a deixar o comando do MEC desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), em janeiro de 2019.

Somente na pasta da Educação, passaram nomes como o de Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Antonio Paulo Vogel (interino) e o de Carlos Decotelli, que foi anunciado, mas não chegou a empossar.

Ricardo Vélez Rodríguez - janeiro a abril de 2019


O primeiro ministro da Educação do governo Bolsonaro foi Ricardo Vélez Rodríguez, que ficou apenas quatro meses no cargo, já iniciou a ordem de chefes da pasta com decisões polêmicas.

Entre elas, Vélez pediu revisões em livros didáticos sobre a Ditadura Militar no Brasil, em que propunha trocar a forma como o período é ensinado nas escolas. Além disso, também determinou que as instituições filmassem as crianças cantando o hino nacional e que um pedido de cumprimento voluntário fosse lido no primeiro dia letivo daquele ano, com o slogan usado por Bolsonaro durante a campanha eleitoral: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos".

Ele, no entanto, desistiu da ideia da filmagem das crianças por "questões técnicas e de segurança".

Outra fala bastante comentada do ex-ministro é de quando ele disse que o brasileiro parece um "canibal" quando viaja ao exterior e "rouba coisas dos hotéis". Depois, se retratou e afirmou ter sido "infeliz" na colocação. 

O ex-ministro foi exonerado após enfrentar "disputa interna" dentro do próprio MEC, devido a desentendimentos entre militares e seguidores do escritor bolsonarista Olavo de Carvalho — que morreu em 24 de janeiro, aos 74 anos —, que era visto como uma espécie de 'guru' da família do presidente.


Abraham Weintraub - abril de 2019 a junho de 2020

Assim que Bolsonaro anunciou a demissão de Vélez, comunicou que o posto seria ocupado pelo economista Abraham Weintraub, que participou da equipe que fez a transição do governo do ex-presidente Michel Temer para o governo atual.

A gestão de Weintraub foi marcada por problemas como a falha na correção e atribuição de notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além do conflito com diversos setores acadêmicos.

Porém, a permanência do economista no cargo ficou realmente instável após ele ter virado alvo de um inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga fake news e ataques contra a Corte, já que, em uma reunião com o chefe do Executivo, o ex-ministro ofendeu e defendeu a prisão dos ministros do Supremo.


A pressão para a queda de Weintraub aumentou ainda mais quando ele participou de uma manifestação pedindo o fechamento do Congresso e do STF.

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Pouco depois, Bolsonaro afirmou que o então ministro não foi "prudente" ao ir ao ato e que esse era um problema que ele estava tentando "solucionar".

Com a saída de Weintraub, Antônio Paulo Vogel de Medeiros assumiu o posto interinamente. Antes de chefiar o ministério, Vogel ocupava o cargo de secretário-executivo, considerado o "número dois" de Weintraub.

Carlos Alberto Decotelli (não tomou posse) - junho de 2020

Depois, Carlos Alberto Decotelli chegou a ser anunciado, mas não tomou posse. O nome do também economista foi publicado no Diário Oficial, mas, cinco dias depois, ele se reuniu com o presidente Bolsonaro e entregou uma carta de demissão.

Mesmo sem ter assumido a pasta, Decotelli acumulou polêmicas em sua curta passagem pelo MEC, principalmente por diversas incoerências em seu currículo profissional. As Universidades de Rosário (Argentina) e Wuppertal (Alemanha) negaram que o ex-ministro tivesse concluído, respectivamente, os programas de doutorado e pós-doutorado nas instituições.

A gota d'água foi quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) também apontou inconsistências de Decotelli, afirmando que ele nunca foi pesquisador ou professor das escolas da instituição, como ele dizia em entrevistas e como constava no currículo dele.

Milton Ribeiro - julho de 2020 a março de 2022

Depois de Decotelli, Milton Ribeiro foi o nome anunciado por Bolsonaro para assumir o cargo e também o que ficou mais tempo frente à pasta da Educação durante este governo.

Pouco tempo após ser empossado, a primeira polêmica de Ribeiro foi quando relacionou a homossexualidade a "famílias desajustadas", o que fez com que a Procuradoria-Geral da República (PGR) o denunciasse ao STF pelo crime de homofobia. Ele também foi bastante criticado ao falar que "há crianças com deficiência que é impossível a convivência", precisando ir ao Senado dar explicações.

Além de ter a gestão marcada pelo maior número de abstenções do Enem e atraso na realização das provas, durante o comando de Ribeiro, houve a debandada de funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Duas semanas antes da aplicação do Enem, servidores do Inep pediram demissão na pior crise institucional envolvendo o instituto, justificando a decisão por falta de gestão, assédio moral e ingerência do ministério na autarquia.

O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma investigação para apurar irregularidades na organização da prova e no Inep.

Agora, Ribeiro deixou o cargo dez dias após a denúncia envolvendo dois pastores que atuavam como lobistas e pediam propina a prefeitos para destravar recursos da Educação.

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Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal para apurar o caso após um pedido da PGR, que viu indícios dos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.

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