O primeiro debate entre candidatos governo do Rio de Janeiro, realizado neste domingo pela Band, foi marcado por trocas de críticas entre os quatro participantes, que se revezaram nos ataques buscando explorar pontos fracos de todos os adversários. O governador Cláudio Castro (PL), alvo em diferentes momentos pelo esquema de cargos secretos na fundação Ceperj
, também centrou ataques em Marcelo Freixo (PSB) e Rodrigo Neves (PDT) com foco em suas atuações, respectivamente, como deputado federal e na prefeitura de Niterói. Paulo Ganime (Novo), que chegou a fazer dobradinha com Neves para atacar Freixo, endossou críticas a Castro ao apontar uso eleitoreiro de receitas da concessão da Cedae.
Na reta final do segundo bloco, que marcou o momento mais tenso do debate, Freixo travou embates com Castro e com Neves, e chegou a pedir um direito de resposta após o candidato do PDT questionar sua atuação “em favor dos black blocs”, grupo acusado de ações de vandalismo nas manifestações de junho de 2013.
Desde o início do debate, Freixo, Neves e Ganime buscaram associar Castro ao ex-governador Wilson Witzel, de quem assumiu o governo após seu impeachment, e exploraram os indícios de uso eleitoral de verbas do Ceperj, órgão responsável por projetos como o Esporte Presente e a Casa do Trabalhador. Segundo o Ministério Público, uma lista de cargos secretos da fundação totalizou saques de R$ 226 milhões em espécie neste ano.
No primeiro bloco, em uma pergunta sobre educação, Freixo questionou Castro se era “culpado” ou “incompetente” pela existência do esquema, e alegou que a verba poderia suprir o déficit de professores na rede estadual. O candidato do PSB também acusou a existência de funcionários fantasmas na lista de cargos. Castro, em sua resposta, defendeu a transparência de seu governo e disse estar trabalhando junto com o MP para solucionar problemas na fundação, e também negou a existência de fantasmas.
"Não existe fantasma se a pessoa tem que ir ao banco receber. Todos tiveram que dar nome e CPF. Fantasma seria se você não tivesse que ir ao banco", argumentou Castro.
Em outros momentos, o governador do Rio atacou Freixo alegando que o deputado não teria destinado emendas parlamentares à Baixada Fluminense em seu mandato. Ao responder, o pessebista desviou da questão falando do problemas dos trens no Rio, e cometeu uma gafe ao citar Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, bairros que ficam na Zona Norte da capital e não na região da Baixada. Já na tréplica, Freixo rebateu citando recursos destinados a Universidade Federal Rural, que fica em Seropédica.
Como era esperado, Castro foi um dos alvos preferenciais dos candidatos. Porém, a troca de farpas também ocorreu entre os candidatos do campo da esquerda, Freixo e Rodrigo Neves. O pessebista criticou repetidas vezes a gestão do pedetista como prefeito de Niterói. Após citar “relações nebulosas de políticos com empresários de ônibus”, Freixo disparou.
"Na sua gestão, Niteroi foi considerada a cidade mais engarrafada. Alguém que não conseguiu, com o dinheiro que tinha, resolver o engarrafamento da própria rua, vai ter muita dificuldade para resolver o trânsito da Baixada", disse Freixo.
Na resposta, Neves disse que o candidato do PSB tinha atitude “professoral, no pior sentido, arrogante”, e defendeu a criação da Linha 3 do metrô até Itaboraí para melhorar a mobilidade urbana na Região Metropolitana. Em outro momento, o pedetista criticou posturas de Freixo no passado, citando uma suposta proximidade do deputado com manifestantes que promoviam atos de vandalismo.
"É condenável apoiar ações de vandalismo como instrumento da ação política. Esse é um capítulo da história do candidato Freixo que ele prefere não falar. Nos últimos meses, houve uma guinada orientada por seu marqueteiro para disputar a eleição", afirmou Neves.
Freixo também apostou na nacionalização do debate, citando o apoio do ex-presidente Lula (PT) e associando Castro ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Castro evitou falar de Bolsonaro e procurou enfatizar ações de seu governo. Neves também não citou o presidenciável de seu partido, Ciro Gomes (PDT). Ganime, por sua vez, citou por duas vezes a gestão do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), como modelo de gestão de seu partido, e procurou fazer críticas aos governos Lula e Dilma Rousseff, citando desvios na Petrobras.
"Hoje o escândalo é o Ceperj, e no passado, nos governos do PT, foi o Comperj, que desviou bilhões e por isso não temos emprego", afirmou o candidato do Novo.
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