Moraes rejeita pedido da PGR para arquivar inquérito de Jair Bolsonaro

Investigação foi aberta para apurar participação do presidente no vazamento de informações sigilosas

Moraes rejeita pedido da PGR ara arquivar inquérito de Bolsonaro
Foto: Reprodução
Moraes rejeita pedido da PGR ara arquivar inquérito de Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) , rejeito um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que queria arquivar um inquérito do presidente Jair Bolsonaro. A investigação foi aberta para apurar a participação de Bolsonaro no vazamento de informações sigilosas de uma outra investigação sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Moraes avaliou que o pedido da PGR, feito na segunda-feira, foi extemporâneo, ou seja, fora feito fora do prazo.

Em 17 de fevereiro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, contrariou relatório da Polícia Federal (PF) que acusava o presidente Jair Bolsonaro do crime de violação de sigilo funcional e pediu o arquivamento do caso. No começo de maio, Moraes deu 15 dias para a PF fazer um relatório analisando o material que obteve com a quebra de sigilo telemático. O ministro ponderou na época que o novo relatório era "essencial para a completa análise dos elementos de prova pela Procuradoria-Geral da República".

Em 17 de maio, Moraes atendeu pedido da PF para prorrogar investigação por mais 60 dias, o que foi aceito pelo ministro no começo de junho. Em 1º de agosto, a PGR, em documento assinado peloa vice-procuradora-geral Lindôra Araújo, pediu novamente o arquivamento.

Nesse novo pedido, Lindôra também criticou Moraes por ter determinado novas diligências no inquérito, sem o pedido ou o aval da PGR. Segundo ela, o ministro violou o sistema processual acusatório, vigente no ordenamento jurídico brasileiro, pelo qual cabe ao Ministério Público a condução de investigações.

"No caso concreto, o eminente Ministro Relator, data venia (com a devida licença), acabou por violar o sistema processual acusatório, na medida que decretou diligências investigativas e compartilhou provas de ofício, sem prévio requerimento do titular da ação penal pública e até mesmo da autoridade policial que reputou concluída a investigação, além de não apreciar a promoção de arquivamento do Procurador-Geral da República", escreveu a vice-procuradora-geral.

Moraes rebateu. Ele reconheceu que cabe apenas ao Ministério Público, da qual a PGR faz parte, a condução das ações penais públicas. A investigação envolvendo Bolsonaro, porém, ainda não é ação penal. Está numa fase anterior: é um inquérito. Nesse estágio, não há exclusividade do MP. A polícia e até mesmo o Legislativo, por meio de uma CPI, podem investigar.

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