O presidente e o relator da CPI da Covid, senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), reagiram nesta segunda-feira ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo arquivamento de sete investigações iniciadas a partir dos trabalhos da comissão. Segundo eles, o Ministério Público escolheu "defender" ou "blindar" Jair Bolsonaro ao não dar prosseguimento às ações.
Parte das apurações tinha como alvo o presidente e mirava em suspeitas de crimes, como emprego irregular de verbas para comprar remédios ineficazes no combate ao coronavírus e charlatanismo, por fazer defesa de tratamento sem comprovação científica.
Ao GLOBO, Omar Aziz diz que a CPI registrou as datas em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a rejeitar o tratamento estimulado por Bolsonaro. O mandatário, contudo, continuou a fazer propaganda de kits ineficazes.
"Fiquei sabendo (do pedido) e estou estarrecido em ver que a PGR não enxergou nenhum charlartão. Mesmo com a OMS dizendo que aqueles remédios não eram eficazes, ele continuou fazendo propaganda. Não só ele, mas parte de seus apoiadores, conselhos de medicina e outros. E aí a PGR escreve que ele não é charlatão? Em vez de defender o cidadão que morreu por causa desse coquetel, porque muitos morreram com esses medicamentos ineficazes, a PGR defende o presidente (Bolsonaro)", disse Aziz.
Entre outros, também serão beneficiados o ex-ministro Walter Braga Netto, que vai ser candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, e o deputado Osmar Terra (MDB-RS).
As petições enviadas à Corte foram assinadas pela vice-procuradora-geral Lindôra Araújo. Nas redes sociais, Renan Calheiros disse que a posição da PGR "não é surpresa".
"Depois de ilusionismos jurídicos por quase um ano, a PGR sugere engavetar as graves acusações contra Bolsonaro durante a pandemia. A blindagem, às vésperas da eleição, não surpreende ninguém".
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