O ex-presidente da República José Sarney defendeu a democracia e o Poder Judiciário em uma solenidade da Academia Brasileira de Letras (ABL), na última quarta-feira. Em meio a críticas feitas às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro pelo candidato à reeleição e chefe do executivo, Jair Bolsonaro (PL) , o decano da ABL afirmou que o país precisa se unir em prol da proteção das instituições democráticas e da cultura.
“Infelizmente, não é só a cultura brasileira que precisa, neste momento, ser defendida. Fui o presidente que conduziu a transição democrática, tenho a responsabilidade pessoal de defendê-la. Ela se consolidou pela prática continuada de eleições livres, sob a vigilância segura do Supremo Tribunal Federal. Garantir que o Judiciário exerça em plenitude suas responsabilidades é absolutamente necessário para que a democracia prevaleça. O Brasil precisa se unir em torno deste objetivo”, disse Sarney.
A solenidade foi organizada com objetivo de comemorar o 125º aniversário de fundação da Academia Brasileira de Letras , para entregar o Prêmio Machado de Assis ao antropólogo Roberto DaMatta e as medalhas Machado de Assis ao Grupo Globo, e João Ribeiro à Livraria da Travessa.
Na última segunda-feira, Bolsonaro usou de uma reunião com embaixadores para fazer ataques às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral brasileiro.
Em discurso, o chefe do Executivo voltou a levantar suspeitas com alegações de fraude nas eleições de 2018, dizendo que, no ato da votação, eleitores não conseguiam apertar o número 17 e eram direcionados para a imagem de Fernando Haddad, na época, candidato à Presidência pelo PT. Nunca houve comprovação de fraudes nas eleições brasileiras.
Após as alegações sem comprovação do presidente, a União dos Profissionais de Inteligência de Estado da ABIN divulgou um comunicado em defesa do processo eleitoral.
Outras entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e associações da Polícia Federal também defenderam o sistema eleitoral brasileiro.
Diversos partidos de oposição como o PDT, o PT, a Rede e o PCdoB acionaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a exclusão dos vídeos em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece atacando as urnas eletrônicas das redes sociais.
Nesta quinta-feira, o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, deu cinco dias para Bolsonaro se manifestar a respeito do pedido feito pelas legendas.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, publicou um vídeo em um canal do Youtube reproduzindo declarações que deu no dia 11 de julho, onde defende o sistema eleitoral. Na postagem, Aras não faz menção a Bolsonaro.
“Nós não aceitamos aqui alegação de fraude porque nós temos visto o sucesso da urna eletrônica ao longo dos anos, especialmente no que toca à lisura dos pleitos”, diz o procurador.
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