O presidente Jair Bolsonaro voltou a ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais na manhã desta quinta-feira (14) depois que internautas resgataram um áudio em que ele trata do voto contra o Fundo de Combate à Pobreza, há 22 anos. À época, Bolsonaro foi o único deputado federal a se opor ao projeto. A frase "Jair odeia pobres" chegou a ficar nos trending topics do Twitter.
A fala do presidente veio à tona em meio às repercussões da aprovação no Congresso da PEC Eleitoral, pacote de benefícios sociais no valor estimado de R$ 41 bilhões. Segundo o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, os novos benefícios devem começar a ser pagos no próximo dia 9 de agosto. A medida vem sendo amplamente criticada por pessoas que julgam se tratar de uma estratégia de Bolsonaro para conseguir votos, a menos de três meses das eleições presidenciais.
Na gravação do discurso no plenário durante a votação, em dezembro de 2000, o então deputado afirmou que estava orgulhoso do seu voto. A proposta, disse à época, além de aumentar impostos, "não terá destino certo". Ele defendeu ainda que "o combate à miséria e a fome passa por uma rígida política de controle da natalidade".
"Eu me orgulho de ter votado contra o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Me orgulho e muito, porque é um fundo que aumenta imposto, aumenta a CPMF, aumenta o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]. E nós sabemos que, infelizmente, esse dinheiro não terá destino certo, será usado o critério do clientelismo, assim como foi usado o critério da demagogia, por parte do autor da proposta, para aprovar isso aqui. O combate à miséria e a fome passa por uma rígida política de controle da natalidade", afirmou.
Na sequência, Bolsonaro disse que até poderia apoiar o projeto, caso fosse associado ao controle de natalidade.
"Se não for assim, tudo que nós estamos fazendo aqui não terá seu objetivo. Então, aprovaria até essa proposta, vindo junto com uma política de controle de natalidade. Porque nós estamos, na verdade, estimulando que a classe pobre cada vez tenha mais filhos. Principalmente agora que eles estão sabendo que deve uma grande parte, uma totalidade desse dinheiro, ser empregado no programa chamado Bolsa-escola Ou seja, 'eu quero ser reprodutor, quanto mais filho eu tiver mais salário mínimo eu vou ganhar'", disse.
À época, o Congresso havia aprovado R$ 2,3 bilhões de recursos para o projeto, que seria distribuído entre ações de saneamento básico e programas de transferência de renda, em especial o Bolsa Escola. Precursor do Bolsa Família, o programa transferia recursos para famílias pobres que mantinham crianças frequentando o colégio. A principal fonte de recursos para o Fundo de Combate à Pobreza veio do aumento de 0,30% para 0,38% da alíquota da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), tributo que deixou de existir em 2008.
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