'PSDB não nasceu para ser objeto de si próprio', diz Bruno Araújo

Sigla não lançará candidato-próprio pela 1ª vez; tucano tenta privilegiar construção de alianças para, depois, partido voltar ‘oferecer alternativas ao país’

Presidente do PSDB, Bruno Araújo
Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Presidente do PSDB, Bruno Araújo

Há pouco mais de três anos na presidência do PSDB nacional, Bruno Araújo comandou a sigla num período marcado por desavenças e, agora, pela quebra de uma tradição: será a primeira vez, desde a sua fundação, que a sigla não lançará um candidato à Presidência. Araújo defende o apoio à pré-candidata Simone Tebet (MDB) e um acordo para o ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) voltar ao Palácio Piratini.

O PSDB deixar de ter candidato indica perda de relevância nacional?

O partido aprovou o apoio à senadora Simone (Tebet) por 39 votos a seis. Esses que disseram “sim” tinham a clareza de que a nossa natureza era de uma candidatura própria. Mas o PSDB não nasceu para ser objeto de si próprio. Nasceu para servir ao país e apresentar alternativas. Entendemos que a alternativa possível era a construção com uma mulher respeitada, uma senadora de qualidade política e que cumpre o objetivo que levou a fundação do partido. Agora, daremos atenção à construção dos nossos palanques regionais para que, em outro momento da História, possamos oferecer alternativas ao país.

Existe possibilidade de a convenção do PSDB mudar o candidato a presidente? O deputado Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que esse assunto voltaria a ser debatido mais para frente...

Na vida pública tudo é possível. Mas, se me perguntar se é provável, afirmo que é muito pouco provável.

O senador Tasso Jereissati será o vice de Tebet mesmo?

Tasso reúne a confiança de todo o partido. Essa discussão foi aberta. Mas tem nomes como da senadora Mara Gabrilli (SP) e de outros deputados e senadores que vão estar aptos. Definiremos isso em julho.

Inicialmente, o PSDB exigiu reciprocidade do MDB em estados em troca do apoio a Tebet. Até onde se sabe, essa contrapartida não ocorreu no Rio Grande do Sul, a principal demanda tucana. Por quê?

Estou confiante de que a política tem seu tempo. A unidade entre o MDB e o PSDB no Rio Grande do Sul vai se dar de forma histórica.

Mas o fato de Simone não conseguir fazer o MDB do Mato Grosso do Sul ceder apoio ao PSDB em seu próprio estado não é um sinal de fragilidade da candidatura?

Na realidade é o que antecede. Ela não tem o apoio no próprio estado porque, pelas circunstâncias locais, não pôde fornecer o apoio ao PSDB. Então, essa incompatibilidade local tem a compreensão tanto do PSDB nacional quanto do MDB nacional.

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) disse que o PSDB se “comprometeu” quando os ex-governadores João Doria e Eduardo Leite defenderam voto em Bolsonaro em 2018. Haddad fazia referência a uma fala de Lula de que o PSDB acabou. Qual é a sua resposta?

Quem disse que votar em Haddad era um atestado de uma decisão política correta? É muita presunção Haddad achar que votar nele era um certificado de salvação política. Isso é a cara do PT. É muita petulância afirmar que, na vida pública, alguém acaba. O PSDB é uma instituição sólida.

O partido vai ajudar financeiramente na campanha de Tebet?

O PSDB vai colaborar com a campanha. A campanha não é de Tebet, é do conjunto dos três partidos. Vai colaborar e vai definir no momento apropriado qual será a sua participação. Mas o PSDB ainda vai discutir como vai fazer a utilização dos recursos do fundo eleitoral.

O PSDB nacional pode impedir uma eventual chapa tendo Marcelo Freixo (PSB) e Cesar Maia (PSDB) de vice no Rio?

No início do ano fizemos um movimento de alinhamento com Eduardo Paes (PSD). Rodrigo (Maia, filho de Cesar e ex-presidente da Câmara) tem experiência e nossa confiança. No momento adequado, a (executiva) nacional ouvirá e participará da decisão no Rio junto com Rodrigo. Há reações. Estamos conversando.

O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, disse que desembarcará de alianças com o PSDB em todo o país. Não há mais diálogo com Bivar?

Bivar é um amigo e temos o maior respeito por ele. Mas há algo que precisa se esclarecer: nunca houve qualquer compromisso nacional do PSDB com o União Brasil. O compromisso que havia envolvia o Cidadania, o UB, e o MDB em torno de uma candidatura própria.

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