O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira, em evento em São Paulo , que o "PSDB acabou". O petista vinha ensaiando uma aproximação com os tucanos, em especial após a desistência do ex-governador João Doria (PSDB) da disputa presidencial.
"Uma vez teve um senador do PFL que disse que era preciso "acabar com essa desgraçada do PT", O Jorge Bornhausen. O PFL acabou. Agora quem acabou foi o PSDB. E o PT continua forte, crescendo, e continua o partido que conseguiu compor a maior frente de esquerda já feita neste país", afirmou o ex-presidente.
A declaração de Lula vai de encontro a movimentações recentes de integrantes do PT que, após a desistência de Doria, vinham buscando apoio de lideranças do PSDB para a candidatura do ex-presidente ainda no primeiro turno.
O ex-presidente participou do lançamento do livro "Querido Lula", no teatro Tuca, em São Paulo. A obra reúne 46 cartas enviadas ao petista durante os 580 dias em que esteve preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Os documentos foram selecionados pela historiadora Maud Chirio.
Durante o evento, realizado em teatro lotado, personalidades como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito Fernando Haddad, a cantora Zélia Duncan e a atriz Camila Pitanga.
Durante o discurso, que durou cerca de 40 minutos, Lula também fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que não adiantará ele "dar o golpe".
"Não adianta o Bolsonaro dizer: "Ah, eu vou dar o golpe. Ah, só Deus me tira daqui. Ah, eu não vou dar a faixa", afirmou Lula, que ainda disse que não será derrotado pela "fake news", "Telegram" e "WhatsApp".
O petista ainda criticou a forma como Bolsonaro tratou vítimas da Covid-19 e das chacinas causadas por forças de segurança:
"Já viram Bolsonaro chorar por alguma morte da Covid? Viram o presidente chorar por alguma pessoa que morreu nesses acidentes e chacinas?", questionou Lula, que atribuiu a violência policial no país à "ausência do Estado".
O ex-presidente chamou o orçamento secreto de "maior podridão" desde a proclamação da República e disse que irá implantar o orçamento participativo, em que a população opina sobre os investimentos do estado.
O ex-presidente voltou a criticar banqueiros e empresários do país. Disse que irá se reunir com os setores, mas que nunca foi perguntado por eles sobre a a fome e o desemprego no país:
"Só perguntam: E o teto fiscal? Vai manter ou não vai manter? E a responsabilidade fiscal? E a dívida pública, vai diminuir? E por quê? Porque só pensam no dinheiro que é para reverter para eles."
Ao comentar a escassez de leite em pó para bebês nos Estados Unidos, Lula ainda fez menção ao alto investimento americano em compra de armas para a guerra da Ucrânia, criticando o presidente Joe Biden.
"Como pode a primeira potência econômica do mundo dizer que não tem leite para as crianças se o presidente Biden tinha acabado de anunciar mais 40 bilhões para comprar armas para ajudar na guerra da Ucrânia?", disse o petista.
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