O ex-ministro da Educação do Brasil, Abraham Weintraub
Reprodução - 21.01.2022
O ex-ministro da Educação do Brasil, Abraham Weintraub

Nome do PMB ao governo de São Paulo, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub ainda mora nos Estados Unidos. Em entrevista ao GLOBO, ele vê vista grossa do Planalto para corrupção e propõe cercar bairros contra violência .

O senhor tem cerca de 1% das intenções de voto nas pesquisas, enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem por volta de 10%. Como pretende conquistar o eleitorado que está com ele hoje?

Se me deixarem entrar na disputa, eu consigo apresentar meus argumentos e me sobressair. No debate, eu contra ele (Tarcísio), contra (Fernando) Haddad, contra (Márcio) França, eu desmascaro todos eles. Eu tinha 15%, aí veio uma campanha do Centrão para esvaziar o meu nome e inviabilizar a minha candidatura.

Essa campanha veio do Centrão ou do presidente Jair Bolsonaro?

Do Centrão. O Tarcísio tem ligações com eles muito fortes. Estão preocupados porque onde eu estiver não tem negócios com o Centrão.

Faltam menos de cinco meses para as eleições e o senhor ainda está nos EUA. Isso não prejudica sua pré-campanha?

Estou só acertando os últimos detalhes da burocracia do visto de residência. Em semanas, estou no Brasil.

O senhor ainda não conseguiu um partido aliado sequer. Não enfraquece a candidatura?

A gente está conversando com outros partidos pequenos. A gente não quer associar a imagem do nosso movimento com nada ou ninguém que tenha corrupção na parada. E acho que tem uma parcela da população atenta a esse movimento. Na hora que eles identificarem a inviabilidade do Tarcísio de ganhar a eleição... Acho que ele não vai ganhar a eleição, vai perder. E eu acho que mais para frente o pessoal vai começar a ficar com receio de o próprio Bolsonaro não se reeleger. E isso vai ligar um sinal de alerta, as pessoas vão procurar uma linha de defesa, montar uma resistência ao totalitarismo do PT.

O PT derrotar Bolsonaro. É esse o cenário que o senhor espera que aconteça?

Eu diria que esse cenário é o mais provável hoje. Infelizmente, o presidente Bolsonaro não deve se reeleger, e o Lula deve ser presidente. Daqui até a eleição as coisas só vão piorar na parte econômica, e na parte política vão aparecer mais escândalos. O presidente perdeu uma parte significativa da militância, porque todo aquele ideário foi para o ralo, de não negociar com pessoas acusadas de corrupção. Não se fala mais em “a verdade vos libertará”. Hoje é “psiu, não conta se não o PT volta”.

O senhor chegou a dizer que não confia mais no presidente, mas que vai votar nele num segundo turno. Fará campanha para ele?

Não, porque não confio mais, mas sempre vou votar contra o Lula. Não anulo voto.

O senhor vê o presidente como honesto?

Eu não acho que ele tenha pego nada para ele na física (materialmente). Mas isso só não basta. Ser honesto é diferente de ser conivente. Acho que ele está vendo os caras aprontarem, não é possível.

O senhor integrou um governo armamentista. O que defende para a Segurança?

Na Segurança, defendo fechamento de bairros e ruas para os moradores poderem, dentro dessas áreas de controle de circulação, levar uma vida mais normal, com menos violência. Isso vai reduzir a criminalidade nas áreas que quiserem (implementar o cerco), não é obrigado. Cercear um pouco o trânsito através da identificação de quem entra e sai não vai impactar o trânsito da região. Se o morador não quiser, não precisa fechar.

E se todos os bairros quiserem? Qual seria o custo disso? Quantos agentes envolvidos?

É fechar o que dá, e para quem quiser. Não dá para fechar áreas com grande fluxo de pessoas. Não vou fechar a Avenida Paulista. É mais na periferia que a gente vai fechar os bairros.

Isso não resolveria a criminalidade.

Eu quero salvar o máximo de pessoas no curto prazo. Eu não quero esperar uma solução para todos. Se a pessoa tem condição de se salvar sozinha, está autorizada, vai e se salva, ela e sua família. A esquerda quer o quê? Enquanto não resolver de todo mundo, ninguém pode ter (segurança)?

Como o senhor pretende lidar com a questão da Cracolândia?

Temos que dar os recursos para a pessoa ser resgatada. Tem um monte de imóveis vazios, você pode dar um quarto e um banheiro para o cara, e aí dar um tratamento, acompanhar o cara. E precisa ter um responsável por ele. Não falta “ongueiro” aí. Com o traficante, é combate ao crime. Tem que cortar o fluxo financeiro.

A sua passagem pelo MEC ficou marcada pela reunião em que o senhor disse que “botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”. Pretende manter essa postura?

Tenho problema com quem quer privilégio. Com a instituição (Judiciário), tenho zero. Eu não troco um juiz concursado por um indicado politicamente numa Corte superior.

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