Em meio a impasses na formação de palanques nos maiores colégios eleitorais do país , o ex-presidente Lula (PT) fará hoje a primeira reunião do comitê de coordenação-geral da campanha presidencial, grupo que reunirá representantes dos sete partidos que declaram apoio à sua candidatura. E é justamente no PSB, partido que abrigou o candidato a vice de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin, que estão as resistências mais importantes, com aumento da tensão na última semana em dois dos mais importantes colégios eleitorais do Brasil: Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O comitê precisa também desatar nós que se prolongam em São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina.
A reunião contará com Lula, Alckmin e dois representantes de cada sigla da coligação: PT, PSB, Solidariedade, PSOL, PCdoB, PV e Rede. Entre os participantes estarão lideranças de São Paulo, considerado o principal nó para o ex-presidente, como o ex-governador Márcio França (PSB). França e o pré-candidato do PT, Fernando Haddad, mantêm o discurso de que a tendência é de manutenção das duas candidaturas, embora reconheçam que o cenário ideal, para a campanha de Lula e para as chances de vitória no estado, seria uma chapa única.
Por conta do peso de São Paulo, onde vive um a cada cinco eleitores no país, o entrave nas conversas entre PT e PSB contribui para manter arestas entre as duas siglas Brasil afora. No Rio, Lula declarou apoio à pré-candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo, mas a disputa pela vaga ao Senado tem sido o obstáculo para o andamento da campanha. O PT lançou o deputado estadual André Ceciliano, também com o aval de Lula. Já o PSB mantém a candidatura do deputado federal Alessandro Molon.
No PT, enquanto o diretório fluminense defende Ceciliano, caciques petistas criticam a postura do presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) por sua proximidade com o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro. Na avaliação desses petistas, Ceciliano “tem que ter lado”. No PSB, parte das lideranças vê com simpatia a candidatura de Molon, que preside o diretório estadual, e trata Freixo com ressalvas por ser um nome recém-chegado ao partido.
Interlocutores de Freixo dizem que a indefinição atrapalha sua associação a Lula, vista como crucial para a campanha. Petistas com assento na direção nacional do partido, mas sem voz de decisão na campanha presidencial, apostam que uma pesquisa contratada pelo partido na semana passada, para medir a força de Bolsonaro e de Lula no Rio, poderia balizar a retirada do nome de Freixo. Nesse caso, o pretexto é atrair partidos que hoje estão fora da aliança nacional petista, como o PSD, do prefeito Eduardo Paes, que já mostrou interesse no apoio de Lula a seu pré-candidato ao governo, Felipe Santa Cruz.
"O Rio está precisando de um freio de arrumação. Não vejo que o problema seja a candidatura do Molon, mas sim o melhor arranjo para ampliar a candidatura do Lula", argumentou o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.
No cenário gaúcho, incomodado com a pré-candidatura de Edegar Pretto (PT), o PSB agora acena com uma aliança com o PDT, para dar palanque a Ciro Gomes. O ex-deputado Beto Albuquerque, nome do PSB ao governo, afirma que ele e Ciro se apoiam mutuamente, e que o PT “parece que guarda rancor” contra seu partido.
"Tentei de todas as formas liderar uma frente de esquerda. Não vou assumir compromisso com quem não me apoia. O PT teria que fazer uma terapia coletiva para tratar esse rancor. A aliança nacional está consolidada, mas talvez Lula não tenha o apoio que poderia nos estados, por conta dessa insistência do PT contra o PSB em alguns locais", afirmou Albuquerque, que tem um histórico distanciamento dos petistas no estado.
Eterna disputa
Também na região Sul, há concorrência entre candidatos de PT e PSB em Santa Catarina. Na eleição catarinense, Lula já declarou querer que os pré-candidatos Décio Lima (PT) e Dario Berger (PSB) caminhem juntos.
Em Pernambuco, PSB e PT chegaram a um acordo para a sucessão do governador Paulo Câmara (PSB), mas a aliança criou um palanque paralelo de Lula. A deputada federal Marília Arraes trocou o PT pelo Solidariedade, que abrigou sua pré-candidatura ao governo.
Nas últimas semanas, o ex-presidente já enquadrou o PT em estados como Minas, onde atuou pela retirada da candidatura do petista Reginaldo Lopes ao Senado para garantir composição com o PSD, de Alexandre Kalil, postulante ao governo. A tendência é que Lula também atue para que o PT do Maranhão apoie e a reeleição do governador Carlos Brandão (PSB), que assumiu o cargo após a renúncia de Flávio Dino (PSB), pré-candidato ao Senado.
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