PT e PSD negociam a retirada da pré-candidatura ao Senado do deputado Reginaldo Lopes em Minas Gerais para destravar um dos obstáculos que impedem uma aliança nacional entre as duas legendas ainda no primeiro turno das eleições. Em troca dessa desistência, o PSD ofereceu ao PT a possibilidade de indicar o vice da chapa do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil .
Na segunda-feira, Lula discutiu a situação da eleição em Minas em reunião com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e com Lopes. Reservadamente, lideranças do PT mineiro e aliados dão como certa a retirada do deputado da disputa pelo Senado.
O parlamentar saiu do encontro com a missão de coordenar as negociações no estado, mas negou que o martelo já tenha sido batido sobre a sua desistência de tentar uma vaga de senador.
"Vou coordenar a aliança entre Lula e Kalil em Minas. Estamos fazendo as conversas agora e ainda não há nenhum formato (de chapa) definido", afirmou.
Lopes admite, porém, que haverá um empenho para atrair o PSD nacional:
"Queremos ajudar a compor em Minas para que o PSD nacional também possa integrar a aliança com Lula".
O acordo no estado estava emperrado, porque o PSD quer manter a candidatura à reeleição do senador Alexandre Silveira, presidente do partido em Minas e braço direito do dirigente nacional da legenda, Gilberto Kassab. Na semana passada, Lula esteve em três cidades mineiras e, por causa do impasse, acabou não se encontrando com Kalil.
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem consultado diretórios estaduais para saber qual deve ser o caminho da legenda na eleição presidencial. Com a saída de Reginaldo da corrida pelo Senado, os petistas acreditam que o PSD de Minas passará a defender o apoio a Lula. Deputados federais do partido no estado, porém, vinham manifestando preferência pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Silveira chegou a ser sondado pela segunda vez para assumir a liderança do governo no Senado. Ele chegou a ter uma reunião no Planalto, mas, após conversa com petistas, recusou a oferta. Assim como da primeira vez que foi convidado ao posto, no início do ano, o parlamentar alegou que não poderia contrariar interesses de seu partido.
A expectativa agora é que o senador mineiro se aproxime de Lula para tentar impulsionar a sua votação na disputa pela reeleição. Embora esteja apenas no primeiro ano de seu mandato, após assumir a vaga do ex-senador Antonio Anastasia, Silveira é visto por seus pares como um grande articulador no Congresso e, por isso, mesmo uma aproximação com o Lula não atrapalharia a relação com aliados de Bolsonaro.
A relação do mineiro com o PT já é antiga: ele foi diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) durante a primeira gestão de Lula e é afilhado político do ex-vice presidente José Alencar.
Kassab já declarou que, em caso de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, como indicam as pesquisas, vai apoiar o petista. Nas consultas que têm feito, o presidente do PSD já ouviu 12 estados, dos quais apenas dois (Bahia e Amazonas) defendem o apoio a Lula no primeiro turno. Nove querem a liberação dos diretórios e um (Ceará) é favor de aliança com Ciro Gomes (PDT). O diretório de Minas ainda não se manifestou formalmente.
A vaga de vice da chapa de Kalil estava reservada para o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus, também do PSD. Agora, com o acordo com o PT, o deputado estadual espera ser indicado uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A indicação do posto que está aberto será da assembleia, onde Agostinho tem bastante influência.
Para a posição de vice, o PT avalia tanto o nome de Reginaldo quanto o deputado estadual André Quintão.
Ainda que a retirada de candidatura de Reginaldo esteja dada como certa por aliados, o deputado ainda aguarda a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode liberar a indicação de mais de um candidato ao Senado nas chapas aos Executivos estaduais. Essa opção, porém, não seria aceita por Silveira.
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