Carlos Viana desiste de assumir liderança do governo no Senado

Senador foi indicado ao cargo no início de abril e avisou a interlocutores que não tem mais interesse na vaga

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Carlos Viana (PL-MG) havia sido indicado ao cargo no início de abril


O senador Carlos Viana (PL-MG) desistiu de assumir o posto de líder do governo no Senado . Ele havia sido indicado ao cargo no início de abril, mas sem que a indicação tivesse sido oficializada, avisou a interlocutores que não tem mais interesse na vaga. 

O parlamentar é o segundo a declinar oficialmente a liderança de governo na Casa, e o quarto a ser cotado que não assume o posto. O senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que já havia sido convidado no passado mas também recusou, voltou a ser sondado novamente.

Como mostrou o GLOBO, ao mesmo tempo que Viana foi indicado, o governo abriu conversas com o senador Marcos Rogério (PL-RO) — o que causou um impasse para oficializar o mineiro no cargo. Resistências em relação a Viana, visto como um senador de primeira viagem e com pouca influência na Casa, fizeram com que o governo recuasse na nomeação.

“A gente deixou na mão do presidente essa escolha”, afirmou o senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do partido de Bolsonaro na Casa e um dos articuladores para a indicação de Viana.

A liderança está desocupada desde dezembro do ano passado, quando o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) deixou o cargo ao sofrer uma derrota expressiva na indicação de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). 

O parlamentar se sentiu traído com o pouco apoio que recebeu do Planalto para conseguir a vaga na Corte, que acabou sendo preenchida pelo ex-senador Antonio Anastasia (PSD-MG).

Segundo Portinho, qualquer um dos senadores do PL tem capacidade de assumir a liderança no Senado, mas a palavra final é de Bolsonaro. Há alguns obstáculos, porém, para essa nomeação. Uma delas é ser candidato ao governo nos estados — como é o caso de Viana, em Minas Gerais, e de Marcos Rogério, em Rondônia. 

Antes de Viana, o governo fez o convite para assumir a liderança na Casa ao senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que assumiu a vaga de Anastasia. Candidato à reeleição no Senado, Silveira, porém, declinou a indicação. E além dos dois mineiros e de Rogério, também foi sondado para o posto o líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (PL-TO).

“Já disse, joga para o alto e qualquer um dos noves senadores [do PL] tem qualificação para ser o líder. Mas essa escolha é um ato privativo do presidente”, disse Portinho.

Agora, o governo volta a sondar Silveira para assumir o posto. O senador é braço direito do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e é visto como um grande articulador tanto na Casa quanto na Câmara.

Nos últimos dias, Silveira tem sido visto frequentemente em conversas nos corredores do Congresso com nomes importantes aliados ao governo, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a ex-ministra da Secretaria de Governo Flávia Arruda, que fazia a ponte entre Planalto e as Casas legislativas.


“O senador Alexandre Silveira já teve o seu nome cogitado. Acho que seria um ótimo nome. Um grande articulador, uma pessoa que tem uma atuação forte lá no Senado. É um senador assíduo, competente”, disse Portinho, que completou.

“Mas ele está em campanha no Senado lá [em Minas], e até onde eu tinha lido, isso desmotivava ele a assumir a liderança agora para não prejudicar seus trabalhos para as eleições.”

Na época que declinou o convite, em fevereiro, Silveira alegou que focaria na campanha à reeleição. Porém, embora o candidato de seu partido no estado, o ex-prefeito Alexandre Kalil, seja oposição a Bolsonaro, o eleitorado do senador, que já foi delegado da Polícia Civil, é muito próximo ao do presidente, segundo apontam interlocutores.

Nesse sentido, pessoas próximas ao senador alegam que o pleito estadual não é um problema tão grande para Silveira assumir a liderança do governo. O grande empecilho, contudo, é justamente a relação de Silveira com Pacheco. O presidente do Senado o convenceu que uma proximidade tão grande entre o líder do governo e ele poderia causar estranhamento a demais parlamentares.  

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